Arquitetas explicam métodos de uso e compartilham dicas sobre o material
Por Glaucia Ferreira
A utilização de madeira, tanto para a arquitetura quanto na decoração de um ambiente, sempre foi destaque através das décadas. Ao longo dos anos, por exemplo, as tendências foram várias: baús, armários, camas, pisos de tacos, mosaicos, móveis robustos, como também os delicados e, atualmente, o boom de paredes ripadas e revestidas que conquistaram o décor.
Afinal, a madeira é atemporal e funcional pois, como uma massa de modelar, ela pode ser transformada em qualquer item ou peça pela marcenaria inserida em um ambiente com maestria por profissionais da arquitetura e do design de interiores.
Para compreender melhor o uso desse material, Monike Lafuente e Claudia Yamada, arquitetas do Studio Tan-gram, que trabalham constantemente com a madeira em seus projetos, revelaram o que a torna tão especial na decoração e na sua relação com as pessoas:
“A madeira, por ser um elemento natural, traz uma sensorialidade muito grande, fazendo com que nos sintamos no momento presente. E a madeira em si é um coringa que casa com qualquer estilo, indo muito bem com o industrial, tradicional, clássico e o contemporâneo. Em todas as propostas, congrega com gostosa sensação do aconchego”, explicam as profissionais.
Outro ponto positivo, é sua durabilidade, que se torna ainda mais longeva quando houver proteção contra os raios solares – quando o cuidado não ocorre, há a possibilidade da madeira ‘esturricar’ e ocorrer uma mudança na cor.
“Se for uma parede sem incidência de sol, não há motivos para preocupação, porque a madeira, por si, terá vida longa. O cuidado então deve ser direcionado para a dedetização, pois em caso de madeira maciça, existe o risco de cupim”, advertem as arquitetas.
E, para economizar, Claudia indica “não trabalhar com madeira maciça ou folha de madeira natural, que são mais caros mesmo”. De acordo com a arquiteta, uma saída recorrente para economizar é investir em derivações como o MDF madeirado, vinílico, poliestireno, adesivo, porcelanato e ripado pronto em porcelanato, dentre outras possibilidades. “Todos cumprem muito bem seu papel de trazer bem-estar e essa ideia de extensão da parede”, complementa.
Essas alternativas econômicas e com propostas semelhantes facilitam, inclusive, a aplicação de paredes ou painéis ripados em banheiros (outra tendência atual com o uso da madeira), pois muitos desses materiais são impermeáveis, deixando livre a escolha do cliente de colocá-lo em banheiros, lavabos e próximos a pia da cozinha.
Além dessas alternativas, outro ponto que levanta dúvida nas pessoas diz respeito ao estilo e tipo de madeira a ser empregadas e para qual fim. Sobre essa questão, Monike também é categórica: “Encontramos tanto aqueles que apreciam a madeira escura, como outras que revelam sua preferência por tonalidades mais claras. Tudo depende da ambiência que se deseja conquistar e das características pretendidas para o décor desse cômodo”, afirma a profissional.
Em um de seus projetos, por exemplo, a dupla utilizou madeira de demolição para trazer um ar rústico ao ambiente externo do imóvel. Já, no espaço interior, a escolha foi de madeira de Jequitibá.
A sensação de extensão e alargamento de uma parede é assegurada através da utilização da parede revestida de madeira, que propõe amplitude ao imóvel.
4. Mix de madeiras
É possível criar combinações com tipos diferentes de madeiras, explorando suas tonalidades e texturas, principalmente quando colocadas em ambientes diferentes de um mesmo imóvel.
Utilizando folhas de madeira, é possível executar a separação de ambientes de maneira elegante e funcional. Na concepção do projeto de arquitetura, o material também é perfeito para a execução de para portas de correr, biombos, divisórias e até para criar a noção de separação pela própria continuidade da parede revestida.
Entrega voluntária para adoção é direito da mulher
Publicados
6 horas atrás
em
26 de junho de 2022 - 16:50
Por
Getty Images
Adoção: mulher tem direito a realizar o procedimento de maneira sigilosa
A atriz Klara Castanho, de 21 anos, relatou em suas redes sociais que buscou o processo de entrega voluntária de um bebê à adoção após descobrir uma gravidez em estágio avançado, fruto de um estupro. A prática de entregar a criança aos cuidados de outra família, diante de um processo comandado por uma Vara da Infância e Juventude, é uma prática prevista e assegurada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A mãe que opta por esse procedimento tem direito, inclusive, ao sigilo do caso garantido.
O juiz da Vara da Infância e Juventude, Iberê Dias, explicou que não há qualquer penalização direcionada a essa mãe.
— É um direito da mulher. Pode acontecer de maneira sigilosa se a mulher desejar e a entrega deve ocorrer sem constrangimentos para ela, tudo isso está no ECA. — diz Iberê Dias. — Pode acontecer de diversas formas, a mulher pode ir à maternidade e, ao relatar o desejo de entregar a criança, ela deve ser respaldada pelo sistema de saúde. Neste processo, ela deve ser ouvida por uma psicóloga para compreender se essa vontade ocorre em estado consciente, ou se ela não está passando, por exemplo, por uma depressão após o parto.
O juiz explica que após essa escuta junto ao psicólogo, o caso é encaminhado à Vara da Infância e juventude onde a mãe biológica passará por uma audiência, para que sua vontade de encaminhar a criança à adoção seja reiterada e seus direitos ouvidos.
— Não raro, em casos que a mulher inicia o processo ainda na gestação, a criança já é encaminhada para outra família assim que nasce. O recém-nascido sai da maternidade direto para a casa da família adotante — afirma Iberê.
Apesar de ser possível pedir uma recomendação de algum advogado para o procedimento, a presença desse especialista não é um pré-requisito. A mulher, inclusive, pode manifestar sua vontade de entregar a criança à adoção em diversos equipamentos públicos de atendimento, caso das Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou ao Centro de Referência da Assistência Social (CRAS).
Não é preciso, é importante dizer, que a gravidez seja fruto de um episódio de violência, como no caso de Klara. Qualquer mulher sob as mais diversas circunstâncias poderá entregar o filho à adoção.
O sigilo é imposto desde que haja a vontade da mãe. Uma vez sigiloso, o processo, porém, poderá ser acessado por essa criança adotada no futuro. Isso porque o direito à busca das heranças biológicas é permitido a qualquer tempo de vida, mesmo antes da maioridade. Caso não exista esse desejo de sigilo manifestado, é possível que alguém da família do menino ou menina seja contactada para que se saiba se há interesse e condições de assumir os cuidados da criança.
Personagens peaky blinders são as grandes inspirações para o movimento
Você já ouviu falar dos homens alfa? A nomenclatura tem ganhado cada vez mais força na internet durante última década, especialmente em plataformas digitais como o YouTube e o TikTok, onde homens aparecem dando dicas sobre masculinidade e relacionamentos, muitas vezes até mesmo vendendo cursos sobre esses assuntos. O que não seria um problema, se não fosse pela constante presença de discursos machistas, gordofóbicos e de ódio às mulheres.
Declarações como a do influencer Gabriel Breier, que já falou abertamente que “Eu não treino de segunda a segunda, me cuido, faço dieta para ficar pegando mina com circunferência abdominal larga” e “Outra coisa também é a mina não querer tomar o seu leite. Isso é falta de respeito, mano”, não são incomuns.
Outro ponto constantemente abordado pelos criadores de conteúdo “alfa”, são as dicas de como seduzir mulheres, que por muitas vezes usam generalizações depreciativas ao gênero feminino. Obviamente que nem todo o canal que se propõe a falar sobre masculinidade e relações amorosas são negativos, mas a crescente presença de grupos de ódio às mulheres na internet tem preocupado especialistas.
Segundo o psicanalista Leandro dos Santos, esta é uma questão de saúde pública, especialmente por esse discurso atrair garotos jovens, que possuem muitas vezes problemas emocionais e de socialização, que deveriam ser tratados com terapia e não na internet.
“Qualquer canal que se propõe a falar de coisas relacionadas à saúde mental, eu acredito que deveria ter um amparo ou uma consultoria profissional especializada. Porque de fato, o que eu percebo, é que os jovens vão procurar informação e aconselhamentos em questões às vezes muito complexas, que precisariam de um profissional”, diz o especialista.
Mas será que o homem alfa existe cientificamente?
Apesar de os produtores de conteúdo usarem argumentos que podem parecer à primeira vista como “científicos”, como dos homens das cavernas, instinto masculino ou afirmarem que um comportamento “dominante” masculino é algo biológico. A ciência de fato afirma que, para os humanos, não existe algo como homens alfa. Leandro dos Santos fala, inclusive, que isto não passa de um mito contemporâneo, não muito diferente do ideal do “príncipe encantado”.
“Essa é uma invenção contemporânea. Eu até ousaria dizer que é um sinal dos nossos tempos, poderia até ser considerado inclusive uma variação do príncipe encantado. Esse homem alfa, seria poderoso, acima da média, que satisfaz todas as mulheres, um parâmetro para os outros homens. Entretanto, isto não existe, é apenas o imaginário das pessoas”, explica Santos.
O psicanalista também alerta sobre como a construção desses ideiais e expectativas de masculinidade pode ser prejudiciais para os próprios homens, especialmente para os mais jovens, que podem acabar sendo capturados por grupos extremistas, como os Incel, grupo de homens celibatários involuntários que colocam a culpa de suas frustrações sexuais nas mulheres.
“Esse é um sintoma de uma doença social, esse novo lugar para a masculinidade me preocupa como psicanalista, em como pode ser tóxico para os mais jovens. Um menino não pode ficar preso nesses ideais de grupo dos homens. Ele precisa criar uma masculinidade própria”, alerta o profissional.
Discurso de ódio na internet
O machismo não é algo novo na sociedade, esse problema social vem se perpetuando durante séculos e está muito longe de acabar. Contudo, com a internet ele vem ganhando um novo espaço e novas características. De acordo com a socióloga e pesquisadora, especializada no estudo sobre gênero, Rosane Oliveira, a internet traz consigo algumas novidades, como o poder de difundir ideologias em grande escala e a sensação de impunidade.
“A internet traz o pensamento de que ela é terra sem lei, onde você pode colocar tudo o que você pensa e que tudo é opinião. Nessa lógica, os discursos de ódio ganham um ambiente adequado para existir, se tornando esses espaços digitais, lugares de perpetuação do machismo em grande escala”, fala a socióloga.
A confusão entre liberdade de expressão e discurso de ódio são uns dos principais problemas na internet. Por ser possível usar a frase “esta é a minha opinião” em qualquer situação, mesmo quando a pessoa compartilhe conteúdos ofensivos e até mesmo criminosos. Juntamente com a cultura do “mimimi”, em que qualquer violência é deslegitimada e tratada como exagero.
“Se tudo é mimimi e opinião, não existem culpados e nem vítimas. Então qual é o problema em cometer bullyng? Por exemplo, a internet vai descortinar o ódio das pessoas, especialmente depois da posse do Presidente Bolsonaro, naquele momento as pessoas sentiram que receberam carta-branca para o ódio”, afirma a pesquisadora.
Outro fator que colabora para a disseminação desses discursos é a busca por visualizações e curtidas. É perceptível que na sociedade do espetáculo, pessoas apareçam dispostas a escandalizar e ofender quem está a sua volta em troca de conseguir visibilidade.
“A nossa principal hipótese é que esta é uma tentativa brutal por visualizações, revelando quem de fato essa pessoa é. A misoginia mostrada no ambiente digital é muito bem articulada, a pessoa quando fala coisas preconceituosas ela sabe o que esta falando e quando alguém a crítica, ela diz que esta é apenas a opinião dela”, conclui Oliveira.
Amor e ódio pelas as mulheres
Embora as mulheres sejam o objeto de desejo dos homens alfa, ao ponto de eles estarem buscando estratégias e técnicas de atraí-las, é contraditório que as mesmas também sejam alvo de ódio e repulsa. O psicanalista Leandro dos Santos explica que essa relação contraditória já foi estudada por Freud.
“O homem no campo amoroso, muitas vezes precisa degradar a mulher, ou seja, ele precisa de alguma maneira rebaixar a mulher para ele sentir desejo por ela. É um fenômeno muito comum na mente masculina. Então, na verdade, eu acredito que quando a mulher representa uma ameaça, até em termos inconscientes, ele reage tentando se ‘defender’, uma defesa contra o próprio desejo. Os homens precisam entender que eles têm que amar as mulheres, que elas merecem ser amadas. Você até pode brincar de amor e ódio na cama, mas isso é diferente de uma relação abusiva. Questões como essa precisam ser tratadas na análise”, diz o profissional.
Além da relação de amor e ódio do subconsciente masculino, o especialista também pontua sobre como os traumas e históricos da infância refletem nas relações mesmo depois da vida adulta.
“A história e o passado da pessoa têm ligação com o presente, a ideia de uma boa análise é ressignificar esse passado para não ficar só preso nessa chave do ódio com as mulheres”, esclarece Leandro.