João Arcanjo Ribeiro — Foto: TVCA/Reprodução
A Polícia Civil faz uma operação nesta quarta-feira (29) em Cuiabá contra duas organizações criminosas que comandam o jogo do bicho em Mato Grosso. Até as 7h (horário de MT) foram presos João Arcanjo Ribeiro e o genro dele Giovanni Zem Rodrigues, ambos suspeitos de chefiar uma das organizações.
Giovanni Zem Rodrigues foi preso pela Polícia Federal (PF) ao desembarcar em Guarulhos (SP) na manhã desta quarta-feira.
Giovanni Zem Rodrigues foi preso pela Polícia Federal (PF) ao desembarcar em Guarulhos (SP) na manhã desta quarta-feira. — Foto: Polícia Federal
Ao todo são 33 mandados de prisão e 30 mandados de busca e apreensão.
Ainda de acordo com a Polícia Civil, um dos alvos de prisão é Frederico Muller Coutinho, suspeito de chefiar outra organização do esquema, mas não há informações se já foi preso ou não.
Policiais cumprem mandados na casa de João Arcanjo Ribeiro. — Foto: Ruberlei Siqueira/TVCA
A Operação Mantus foi deflagrada pela Delegacia Especializada de Fazenda e Crimes Contra a Administração Pública (Defaz) e pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) para o cumprimento de mandados expedidos pelo juiz da 7ª Vara Criminal da Comarca de Cuiabá, Jorge Luiz Tadeu.
As ordens judiciais são cumpridas em Cuiabá, Várzea Grande e em mais 5 cidades do interior do Estado.
Investigações
As investigações iniciaram em agosto de 2017, conseguindo descortinar duas organizações criminosas que comandam o jogo do bicho em Mato Grosso e que movimentaram em um ano, apenas em contas bancárias, mais de R$ 20 milhões. Uma das organizações é liderada por João Arcanjo Ribeiro e seu genro Giovanni Zem Rodrigues, já a outra é liderada por Frederico Muller Coutinho.
João Arcanjo Ribeiro, conhecido como “Comendador”, é acusado de liderar o crime organizado em Mato Grosso, nas décadas de 80 e 90, além de estar envolvido com a sonegação de milhares de reais em impostos, entre outros crimes.
João Arcanjo Ribeiro
Mais de R$ 200 mil foram apreendidos na casa de João Arcanjo Ribeiro, em Cuiabá, durante a Operação Mantus. — Foto: Polícia Civil de Mato Grosso/GCCO
No ano de 2002, Arcanjo foi alvo da operação da Polícia Federal, Arca de Noé, em que teve o mandado de prisão preventiva expedido pelos crimes de contravenção penal, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e homicídio. A prisão do bicheiro foi cumprida em abril de 2003 no Uruguai. Arcanjo conseguiu a progressão de pena do regime fechado para o semiaberto em fevereiro de 2018, após 15 anos preso.
Frederico Müller Coutinho
Operação Mantus, em Cuiabá — Foto: Polícia Civil de Mato Grosso/GCCO
O empresário Frederico Müller Coutinho é um dos delatores da Operação Sodoma, que investigou fraudes que resultaram na prisão do ex-governador Silval Barbosa. Müller trocava cheques no esquema e chegou a passar dinheiro para o então braço direito do ex-governador. Os cheques teriam sido emitidos como parte de um suposto acordo de pagamento de propina ao grupo político do ex-governador.
Briga entre organizações
Mandados de busca e apreensão da Operação Mantus, em Sorriso — Foto: Polícia Civil de Sorriso/Divulgação
Durante as investigações, foi identificada uma acirrada disputa de espaço pelas organizações, havendo situações de extorsão mediante sequestro praticada com o objetivo de manter o controle da jogatina em algumas cidades.
Os investigadores também identificaram remessas de valores para o exterior, com o recolhimento de impostos para não levantar suspeitas das autoridades. Foram decretados os bloqueios de contas e investimentos em nome dos investigados, bem como houve o sequestro de ao menos três prédios vinculados aos crimes investigados.
Os suspeitos vão responder pelo crime de organização criminosa, lavagem de dinheiro, contravenção penal do jogo do bicho e extorsão mediante sequestro, cujas penas somadas ultrapassam 30 anos.
Por G1 MT