Honda Accord 2019: linhas sóbrias do sedã de R$ 198, 5 mil escondem um coração de esportivo
A tendência natural de um cliente que esteja disposto a gastar R$ 190 mil em um sedã de luxo é partir para as marcas alemãs. O próprio Audi A4 parte de R$ 173.990, enquanto o Classe C 180 passa a custar R$ 187.900 na versão Avantgarde. Talvez este seja o motivo de vermos tão poucos Honda Accord 2019 pelas grandes cidades brasileiras. Apesar de já ter sido um dos modelos mais vendidos na América do Norte, o sedã nunca foi exemplo de “best-seller” no Brasil.
Ainda no ano passado, uma de minhas publicações favoritas dos Estados Unidos classificou o Honda Accord 2019
como o melhor sedã de sua categoria, destacando a condução acertada e a diversão ao volante. Isso me deixou com pulga atrás da orelha, vindo de um jornalista que gosta de avaliar esportivos. O Accord nunca escondeu sua proposta conservadora em relação aos rivais alemães que abusam e usam da dinâmica como um dos principais critérios. Estariam os japoneses dispostos a atingir um novo público?
Talvez este seja um dos motivos por trás da integração do mesmo motor 2.0 turbo, de quatro cilindros do Civic Type-R
. Pisando forte no acelerador, dá para sentir toda sua potência (256 cv) e os bons 37,7 kgfm de torque puxando com vigor o sedã de 1.564 kg. De acordo com a marca, o Accord 2019 vai de 0 a 100 km/h em 5,7 segundos.
No que diz respeito aos fiéis consumidores que vêm comprando o Accord pela sobriedade e conservadorismo, a Honda manteve as características clássicas do modelo. Suas linhas são retilíneas, mas ainda formam o estilo cupê que a Honda aposta em outros modelos. Os faróis full-LED também complementam a estética, onde as plaquetas nos refletores parecem inserções de cristais. O escapamento duplo cromado também complementa um pouco mais de esportividade à traseira que esboça traços saturados.
Por dentro, a Honda tenta se distanciar dos rivais com um design muito equilibrado. Fiquei feliz pelo Accord não contar com apliques que imitam de madeira, ou um relógio analógico no centro do painel. Ao mesmo tempo, as linhas não assustam e parecem familiares para qualquer motorista. Os comandos estão sempre à mão, de forma intuitiva e suave. Há quem goste da substituição da alavanca de câmbio por botões como um diferencial.
Um toque da seta para a esquerda e o Accord projetará a imagem do retrovisor na central multimídia de oito polegadas, sempre com o esquadro de distância para o veículo ao lado. O sistema traz compatibilidade com Android Auto
e Apple CarPlay
, mas sua interface nativa já é um destaque na comparação com outros modelos da Honda. Mesmo acreditando em um mundo minimalista, sempre torço o nariz quando as fabricantes abdicam aos intuitivos botões giratórios para volume e estações de rádio. No caso do Accord, eles estão lá para facilitar a vida. O carregador sem fio para celulares no console é outro ponto para o time da Honda.
Com duas zonas de ar-condicionado, seus passageiros também terão uma viagem bem agradável, mas o inflacionado sedã deve uma terceira zona para os ocupantes do banco de trás. Dê play no vídeo acima para comprovar que o espaço traseiro faz ótimo aproveitamento do entre-eixos de 2,83 metros. Há uma verdadeira sala de estar para quatro adultos e uma criança se acomodarem com extremo conforto. Os 574 litros de capacidade no porta-malas garantem espaço mais que suficiente para a bagagem de uma família grande.
O câmbio de dez marchas também surpreendeu, mostrando-se muito elástica e ágil. Basta pressionar o acelerador com mais força para que o Accord reduza duas ou três marchas sem trancos em uma retomada, por exemplo. Quem preferir uma condução mais esportiva também poderá trocar as marchas pelas aletas atrás do volante. Isso será assegurado pelo equilíbrio nas curvas, garantido pela suspensão traseira no arranjo multilink.
Honda Accord 2019: rumo à automação
Renato Maia/Falando de Carro
O interior do Honda Accord 2019 aposta na sobriedade. Apesar disso, alguns recursos são de última geração
O Accord também traz modo de condução semi-autônoma que, infelizmente, não funciona tão bem no Brasil. Não temos críticas ao controle de cruzeiro adaptativo que mantém uma distância segura do carro da frente sem intervenções, mas o sedã tem dificuldades para ler algumas faixas mais apagadas. Isso fica muito claro em alguns trechos da Marginal Pinheiros, onde a tinta já precisa de retoques. Mesmo assim, vale mencionar que a perua Volvo V60 mantinha o controle nas mesmas condições. O piloto automático também não segura a velocidade em aclives, fazendo com que o motorista use o freio.
Por R$ 198.500, o Honda Accord 2019
quer cativar um público diferente – e traz todos os atributos para tal. Resta saber se os donos de Audi A4
ou C 180 Avantgarde vão abdicar o design alemão para investir num modelo japonês que anda muito, mas tem fama de não ser descolado. Antes de bater o martelo, vale a pena esperar pelo lançamento do novo BMW Série 3. Atração do Salão do Automóvel de São Paulo em 2018, o modelo chegará em breve às concessionárias.
Ficha técnica
Preço: R$ 198.500
Motor: 2.0, quatro cilindros, gasolina
Potência: 256 cv a 6.500 rpm
Torque: 37,7 kgfm a 1.500 rpm
Transmissão: automática, dez velocidades
Suspensão: McPherson (dianteira), multilink (traseira)
Freios: discos ventilados (dianteira), sólidos (traseira)
Dimensões: 4.88 m de comprimento, 1.86 m de largura , 1.46 m de altura, 2.83 m de entre-eixos
Porta-malas: 574 litros
Tanque: 56 litros
Consumo: 9 km/l (cidade), 12,3 km/l (estrada)
0 a 100 km/h: 5,7 segundos
Vel. Máx: 203 km/h
Ainda bem cedo, os competidores se dirigem à largada. A temperatura esteve próxima do zero
Neste último fim de semana fui até o Rio Grande do Sul acompanhar a terceira etapa do Campeonato Brasileiro de Rally de Regularidade Histórica , promovido pela Federação Brasileira de Veículos Antigos – FBVA. A etapa chama-se Rally dos Vinhedos e é organizada pelo Veteran Car Club dos Vinhedos , sediado no município de Bento Gonçalves , na Serra Gaúcha.
Só o fato de estar em uma região tão bela, tão bem dotada pela natureza, já vale qualquer dificuldade em chegar, visto que fica no extremo sul do país, região que é bem conhecida pelas baixas temperaturas , especialmente no inverno. Mas é justamente isso que faz do lugar um destino tão desejado.
O Rally dos Vinhedos está comemorando sua décima edição, reunindo 129 veículos antigos e clássicos para um passeio cronometrado pelas estradas da região, passando por municípios como Bento Gonçalves, Garibaldi, Carlos Barbosa, Pinto Bandeira e Santa Tereza. O mais interessante foi a participação de 13 intrépidos pilotos de motonetas clássicas , que enfrentaram a temperatura de quase zero grau no momento da largada.
Divulgação
As motonetas cruzaram alguns centros urbanos durante o percurso
E mais, diferentemente dos automóveis, que têm um piloto e um navegador, que além de lhe fornecer a velocidade ideal para cada trecho também indica o caminho a ser seguido, no scooter o piloto faz sozinho todos os trabalhos.
Claro, sendo um rally de veículos antigos , essas motonetas, que atualmente são conhecidas por scooters , são de época, de um tempo quando ainda não tinham esse apelido.
Dos 13 participantes, 11 deles pilotavam Vespa nacionais dos anos 80, que eram fabricadas em Manaus, AM, pela Piaggio . Os outros dois pilotavam Lambretta Li 150 , fabricadas nos anos 60. Vespa e Lambretta eram (e são) eternos rivais nesse segmento dos veículos de duas rodas.
Um rally de regularidade , que também pode ser chamado de passeio cronometrado, avalia a capacidade do piloto em manter as médias de velocidade pré-estabelecidas, que figuram na planilha com o roteiro. Quanto mais próximo o tempo de passagem pelos vários pontos de controle distribuídos pelo percurso, menos pontos o participante perde. No final, quem perder menos pontos, de acordo com um regulamento complexo, vence a prova.
Entre as motonetas, o vencedor foi André Sain, de Bento Gonçalves, pilotando (e navegando) a Vespa PX 200 1986 de número 21. André teve 78 pontos perdidos nessa etapa.
Divulgação
O vencedor André Sain, com sua Vespa PX 200 1986
Em segundo lugar chegou Daniel Orso, também de Bento Gonçalves, com a Vespa PX 200 Elestart 1987 de número 24, com 84 pontos perdidos. Em terceiro lugar ficou Rodrigo Nenini, de Garibaldi, com a Vespa PX 200 1986 de número 22, com 123 pontos perdidos.
Brasília LS 1980 é um dos modelos históricos da Volkswagen no Brasil
A Volkswagen tem uma história muito interessante. Como sabemos, ela começou na Alemanha da década de 30 produzindo aquele que seria um dos carros mais icônicos do planeta: o Fusca. Naquela época, Ferdinand Porsche criou a ideia de um motor boxer com refrigeração a óleo e manutenção muito simples.
Após o final da Segunda Guerra Mundial, a marca retomou a produção do besouro e, na década seguinte, percebeu que o seu público consumidor buscava algo diferente. Na metade dos anos 50, nasceu o Karmann-Ghia , o modelo com linhas clássicas e esportivas utilizando a mesma mecânica confiável.
Na década seguinte, a Volkswagen ampliou a sua gama de modelos com versões diferentes. No Brasil, a grande mudança ocorreu nos anos 70 quando a matriz deu liberdade para que as suas filiais criassem modelos diferentes de acordo com o público consumidor. O Brasil foi um deles e a genialidade e capacidade de nossos projetistas marcou a história.
Nesse sentido, nasceu o Brasília, em 1973. O projeto da equipe de Márcio Piancastelli conseguiu sanar os problemas clássicos do Fusca e aprimorar a ideia desse projeto tão versátil. Nascia ali um modelo que agradou em cheio o consumidor, trazendo resistência e um estilo muito marcante para as famílias brasileiras.
O modelo comemorou 50 anos este ano com muita festa por parte da montadora. Algumas de suas versões chamaram atenção, trazendo mais acessórios e mais equipamentos. É o caso desse exemplar LS , de 1980, que pertence a Leandro Coelho , mecânico e que também possui um canal popular no YouTube .
O exemplar está extremamente bem conservado com todas as características originais da época. Os destaques vão para o lavador elétrico do vidro, frisos laterais e o interior monocromático. Os bancos com encosto de cabeça também fazem parte desse pacote juntamente com o motor de 1.584 cm³ cilindrada.
Dirigir o Brasília é uma grande satisfação. Realmente o acerto do projeto em relação ao Fusca é notável. Vale destacar a sua estabilidade, o conforto dos assentos e a mesma simplicidade mecânica que acompanhou toda essa história fantástica desses 70 anos da Volkswagen no Brasil .