Vivian Nunes/ Especial para O Bom da Notícia
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O “Setembro Amarelo” é um mês de alerta para todos nós. Ele serve de aviso para as pessoas que sofrem com depressão e também para aquelas que não carregam essa doença, mas podem servir de ‘ombro amigo’ para aquelas que possuem.
Assim, desabafar e compartilhar as angústias são atitudes cada vez mais reforçadas pelas campanhas de prevenção à depressão e ao suicídio. Assim como também ouvir sem julgar o sofrimento do outro é a melhor forma de se comportar diante do quadro depressivo de alguém. Para isso, a ‘escuta empática’ serve.
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A médica Maria Fernanda Carvalho é presidente da Associação Mato-grossense de Psiquiatria
De acordo com a psiquiatra e presidente da Associação Mato-grossense de Psiquiatria, Maria Fernanda Carvalho, a ‘escuta empática’ cabe para que as pessoas escutem o desabafo, a dor e o sofrimento do outro, sem julgar e menosprezar.
Desabafar e compartilhar as angústias são atitudes cada vez mais reforçadas pelas campanhas de prevenção à depressão e ao suicídio
“Não podemos dar exemplos e comparar com a própria vida quando uma pessoa depressiva está contando sua angustia. Devemos deixar com que a pessoa fale de uma maneira que ela se senta confortável e apenas acolher a dor dela. No final, se ela pedir ajuda ou se a pessoa que estiver escutando perceber que ela está precisando de ajuda, devemos orientá-la em relação ao melhor caminho”, conta a médica.
Para a psiquiatra, a depressão é responsável, infelizmente, por cerca de 30% dos casos de suicídio. Mas o ato não está associado apenas a depressão. Há outros transtornos mentais responsáveis por grande parte das pessoas que tentam suicídio. Como pessoas que têm transtorno afetivo bipolar, transtorno de dependência de substância de drogas ilícitas e álcool e também os portadores da esquizofrenia.
“O que poderíamos fazer seria acolher essas pessoas, escutá-las e orientá-las que existe tratamento e que o pensamento em suicídio é algo que acontece no desespero. Se a pessoa fizer o tratamento adequado, no momento que estiver ansiosa ou triste, as chances de diminuir esses pensamentos é maior”, explica a médica.
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Manoel Vicente de Barros é psiquiatra
Também sob este olhar, o psiquiatra Manoel Vicente de Barros, assegura que ouvir sem julgar é essencial. E a escuta empática é uma ótima orientação para ajudar as pessoas com depressão.
Lembrando que, contudo, para ter empatia é preciso exercitá-la. Pois, segundo ele, ninguém nasce com essa habilidade.
“Exercitar empatia é um ato ativo que nós devemos buscar no dia a dia, fortalecendo como qualquer habilidade que temos. Empatia não aparece do dia para noite. Precisa construir sempre que pode. Inclusive, para pessoas que tem depressão. Não podemos tornar a dor da pessoa que está deprimida maior ainda com algum tipo de comentário maldoso ou de julgamento. Mas é essencial além de ouvir, saber agir sem julgar. Ouvir é o primeiro passo e é essencial. Mas, se você não agir, você não vai estar ajudando a pessoa da forma que ela merece”, pontua o psiquiatra.
Durante muito tempo, falar sobre suicídio foi um tabu. Mas de acordo com o médico, o ‘Setembro Amarelo’ vem servindo para quebrar a barreira de que falar de suicídio é para apenas pessoas deprimidas.
“Precisamos falar sobre suicídio com todo mundo. Quem está deprimido precisa saber que o assunto não vai ser visto como tabu e não vai ser visto como crime ou pecado. A pessoa depressiva precisa saber que se ela contar, falar para alguém que está com pensamento de suicídio, ela vai ter suporte e as pessoas vão estar ao lado dela. O que vai ajudar e resolver a depressão é o tratamento com psiquiatra ou psicólogo. Mas você na posição de familiar ou amigo, pode sempre estar do lado e mostrar que você não vai desistir da pessoa”, finaliza Manoel.
Fonte: O Bom da Notícia