Componentes automotivos normalmente são intercambiáveis por conta dos fornecedores. Para citar um breve exemplo, as transmissões Aisin e ZF aparecem em diversos modelos no Brasil, além da Chevrolet já ter fornecido motores para a Fiat. Apesar dessa intercambialidade de componentes, algumas marcas ultrapassam os limites e fornecem a licença de projetos completos aos rivais, como carros irmãos.
Já falamos da primeira geração do Siena, que foi vendida na Coreia do Norte pela Pyeonghwa Motors. Apesar de ser um exemplo distante, o mesmo fenômeno pode acontecer bem na nossa frente sem que a maioria das pessoas perceba. A reportagem de iG Carros enumera cinco carros irmãos
que foram vendidos por duas marcas diferentes através dos anos.
Se você já foi para Buenos Aires (Argentina), talvez tenha visto um Celta com o símbolo da Suzuki no lugar da Chevrolet. Na prática, era apenas uma troca simples de logotipos, mas o Suzuki Fun ainda não ficava livre de algumas diferenças pontuais em relação ao nosso Celta, que deixou de ser fabricado em setembro de 2015.
Para começar, o modelo dos hermanos
vinha equipado com motor 1.4, de 85 cv de potência. Por aqui, era o saudoso 1.0 VHCE Flex, capaz de desenvolver 77 cv. A capacidade do tanque de combustivel do Celta também era maior, com 54 litros ante apenas 46 litros do Fun. O pacote de equipamentos, entretanto, era o mesmo. Falaremos mais sobre a parceria entre Suzuki e Chevrolet em outro tópico.
Quem esteve no Salão do Automóvel, no São Paulo Expo, em novembro último, pôde conhecer o SUV Territory, que até então estava nos planos da marca para o mercado brasileiro. O modelo seria importado da China para rivalizar diretamente com o Jeep Compass, ocupando a lacuna que ainda existe entre os SUVs EcoSport e Edge. Com 4,58 metros de comprimento por 1,93 m de largura e 2,72 m de entre-eixos, suas dimensões são equiparáveis com o Jeep.
O Territory é, na verdade, um SUV chinês conhecido como Yusheng S330. Ele foi mostrado como conceito durante o Salão de Shanghai (China) de 2015, sendo lançado ao mercado em 2016. Por lá, é o principal rival do Landwind X7, conhecido internacionalmente como um plágio do Range Rover Evoque.
A dupla foi o primeiro fruto da parceria entre Fiat e Chrysler no fim da década passada, como se fossem irmãos gêmeos. Os públicos, por outro lado, eram bem diferentes. O Fiat, evidentemente, visava um público menos abastado, enquanto o Dodge ocupava um segmento premium.
O Journey era equipado com motor 3.6 V6, de 280 cv de potência e câmbio de seis marchas. O motor do Freemont, por sua vez, era menor: 2.4 de quatro cilindros em linha, com 172 cv de potência. Desde então, a FCA nunca mais lançou modelos “gêmeos”, dando preferência pela intercambialidade de plataformas entre Fiat e Jeep.
Neste ponto, podemos aprofundar mais as questões que envolveram a parceria entre Suzuki e Chevrolet. Em meados da metade dos anos 90, a GM comprou 20% das ações da marca japonesa. Alguns anos depois, ainda em 1999, foi iniciada a produção do aventureiro Grand Vitara na Argentina.
A Chevrolet aproveitou o projeto para lançá-lo no Brasil como Tracker, mas os projetos tinham algumas diferenças de motor e câmbio. O Vitara era equipado com motor 2.0 turbodiesel, enquanto o Tracker trazia uma unidade a gasolina. De resto, os carros eram praticamente iguais. A parceria entre as duas marcas durou até 2010, quando a Volkswagen se tornou a maior acionista da Suzuki.
5 – Pontiac Solstice, Opel GT, Daewoo G2X e Saturn Sky
Neste caso, estamos falando de quadrigêmeos. Os modelos Pontiac Solstice, Daewoo G2X, Opel GT (vendido nos EUA pela Buick) e Saturn Sky foram apostas da General Motors na categoria dos esportivos. Eles não compartilham apenas a plataforma. Havia duas opções de moitor: 2.4 Ecotec, de 177 cv e 2.0, turbo, de 260 cv. E o sistema de transmissão podia contar com câmbio automático ou manual.
Diferentemente de modelos anteriores, compartilhar a base de esportivos continua em alta no mundo automotivo. Podemos citar o roadster Fiat 124 que tem a mesma base do Mazda MX-5, ou o novo Toyota Supra, que é feito sob os moldes do clássico BMW Z4, que vem com motor 2.0, turbo, capaz de gerar 304 cv. Tudo indica que este fenômeno continuará forte entre as picapes médias.
Estes foram alguns dos exemplos mais curiosos que destacamos, mas também podemos apontar este fenômeno em outras condições. Na Europa, a Volkswagen é dona das fabricantes Skoda (República Tcheca) e Seat (Espanha).
A partir disso, da mesma forma, o nosso Up! era vendido pelas três marcas em um esquema bem semelhante. Na América Latina, Renault, Nissan e Mercedes-Benz compartilham o projeto de suas picapes, e tudo indica que o mesmo acontecerá entre Ford Ranger e VW Amarok entre os carros irmãos
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Neste último fim de semana fui até o Rio Grande do Sul acompanhar a terceira etapa do Campeonato Brasileiro de Rally de Regularidade Histórica , promovido pela Federação Brasileira de Veículos Antigos – FBVA. A etapa chama-se Rally dos Vinhedos e é organizada pelo Veteran Car Club dos Vinhedos , sediado no município de Bento Gonçalves , na Serra Gaúcha.
Só o fato de estar em uma região tão bela, tão bem dotada pela natureza, já vale qualquer dificuldade em chegar, visto que fica no extremo sul do país, região que é bem conhecida pelas baixas temperaturas , especialmente no inverno. Mas é justamente isso que faz do lugar um destino tão desejado.
O Rally dos Vinhedos está comemorando sua décima edição, reunindo 129 veículos antigos e clássicos para um passeio cronometrado pelas estradas da região, passando por municípios como Bento Gonçalves, Garibaldi, Carlos Barbosa, Pinto Bandeira e Santa Tereza. O mais interessante foi a participação de 13 intrépidos pilotos de motonetas clássicas , que enfrentaram a temperatura de quase zero grau no momento da largada.
E mais, diferentemente dos automóveis, que têm um piloto e um navegador, que além de lhe fornecer a velocidade ideal para cada trecho também indica o caminho a ser seguido, no scooter o piloto faz sozinho todos os trabalhos.
Claro, sendo um rally de veículos antigos , essas motonetas, que atualmente são conhecidas por scooters , são de época, de um tempo quando ainda não tinham esse apelido.
Dos 13 participantes, 11 deles pilotavam Vespa nacionais dos anos 80, que eram fabricadas em Manaus, AM, pela Piaggio . Os outros dois pilotavam Lambretta Li 150 , fabricadas nos anos 60. Vespa e Lambretta eram (e são) eternos rivais nesse segmento dos veículos de duas rodas.
Um rally de regularidade , que também pode ser chamado de passeio cronometrado, avalia a capacidade do piloto em manter as médias de velocidade pré-estabelecidas, que figuram na planilha com o roteiro. Quanto mais próximo o tempo de passagem pelos vários pontos de controle distribuídos pelo percurso, menos pontos o participante perde. No final, quem perder menos pontos, de acordo com um regulamento complexo, vence a prova.
Entre as motonetas, o vencedor foi André Sain, de Bento Gonçalves, pilotando (e navegando) a Vespa PX 200 1986 de número 21. André teve 78 pontos perdidos nessa etapa.
Em segundo lugar chegou Daniel Orso, também de Bento Gonçalves, com a Vespa PX 200 Elestart 1987 de número 24, com 84 pontos perdidos. Em terceiro lugar ficou Rodrigo Nenini, de Garibaldi, com a Vespa PX 200 1986 de número 22, com 123 pontos perdidos.
A Volkswagen tem uma história muito interessante. Como sabemos, ela começou na Alemanha da década de 30 produzindo aquele que seria um dos carros mais icônicos do planeta: o Fusca. Naquela época, Ferdinand Porsche criou a ideia de um motor boxer com refrigeração a óleo e manutenção muito simples.
Após o final da Segunda Guerra Mundial, a marca retomou a produção do besouro e, na década seguinte, percebeu que o seu público consumidor buscava algo diferente. Na metade dos anos 50, nasceu o Karmann-Ghia , o modelo com linhas clássicas e esportivas utilizando a mesma mecânica confiável.
Na década seguinte, a Volkswagen ampliou a sua gama de modelos com versões diferentes. No Brasil, a grande mudança ocorreu nos anos 70 quando a matriz deu liberdade para que as suas filiais criassem modelos diferentes de acordo com o público consumidor. O Brasil foi um deles e a genialidade e capacidade de nossos projetistas marcou a história.
Nesse sentido, nasceu o Brasília, em 1973. O projeto da equipe de Márcio Piancastelli conseguiu sanar os problemas clássicos do Fusca e aprimorar a ideia desse projeto tão versátil. Nascia ali um modelo que agradou em cheio o consumidor, trazendo resistência e um estilo muito marcante para as famílias brasileiras.
O modelo comemorou 50 anos este ano com muita festa por parte da montadora. Algumas de suas versões chamaram atenção, trazendo mais acessórios e mais equipamentos. É o caso desse exemplar LS , de 1980, que pertence a Leandro Coelho , mecânico e que também possui um canal popular no YouTube .
O exemplar está extremamente bem conservado com todas as características originais da época. Os destaques vão para o lavador elétrico do vidro, frisos laterais e o interior monocromático. Os bancos com encosto de cabeça também fazem parte desse pacote juntamente com o motor de 1.584 cm³ cilindrada.
Dirigir o Brasília é uma grande satisfação. Realmente o acerto do projeto em relação ao Fusca é notável. Vale destacar a sua estabilidade, o conforto dos assentos e a mesma simplicidade mecânica que acompanhou toda essa história fantástica desses 70 anos da Volkswagen no Brasil .