Ranking de saneamento revela desigualdades; confira sua cidade –

Campinas, no estado de São Paulo, alcançou o primeiro lugar no Ranking Nacional de Saneamento Básico, elaborado pelo Instituto Trata Brasil em parceria com a consultoria GO Associados. No ano passado, a cidade ocupava a terceira posição. A melhoria se deve à alta cobertura, eficiência operacional e aumento de investimentos nos serviços de água e esgoto.
O estudo analisou os 100 municípios mais populosos do Brasil, com base em dados do Sistema Nacional de Informações em Saneamento do ano de 2023. A pesquisa evidencia um avanço nas cidades da região Sudeste em relação ao saneamento, ao mesmo tempo que revela desigualdades profundas em áreas de outras regiões do país, que ainda carecem de infraestrutura básica.
Campinas se destacou pela redução do desperdício de água, apresentando uma diminuição significativa na perda de água, que é de 19,67% ao ano, mesmo com o aumento populacional. A presidente-executiva do Instituto Trata Brasil, Luana Siewert Pretto, ressalta a importância de discutir o saneamento em políticas públicas, especialmente com a proximidade da Conferência do Clima, COP 30, que será realizada no Brasil.
O estudo também mostrou um aumento nos investimentos por habitante na área de saneamento. Em 2022, o investimento era de R$ 111 por morador, e passou para R$ 126 em 2023, o que representa um crescimento de 13%. De acordo com o Marco Legal do Saneamento, o Brasil deve alcançar a universalização desses serviços até 2033.
O ranking considera três dimensões principais: o nível de atendimento (cobertura de água e esgoto), melhorias nos serviços e a eficiência no gerenciamento. A metodologia aplicada ao estudo foi concebida em colaboração com a consultoria GO Associados.
No topo do ranking, além de Campinas, estão outras cidades como Limeira (SP), Niterói (RJ), São José do Rio Preto (SP) e Franca (SP). Esses municípios se destacam pelo investimento e pela eficiência na redução de desperdício de água e tratamento de esgoto.
Entre os 20 primeiros municípios, a maioria é do estado de São Paulo, com Goiás também mostrando avanço com duas cidades na lista. A média de investimento nesses locais foi de R$ 176,39 por habitante anualmente. Embora seja um valor significativo, ainda está abaixo da média ideal para a universalização dos serviços, que é de R$ 223,82 por ano por habitante.
Em contrapartida, nos municípios com pior desempenho, o investimento médio por habitante foi de apenas R$ 78,40 por ano, o que representa menos de 35% do necessário para melhorar os serviços de água e esgoto.
O estudo também revelou que a cobertura de água nas cidades melhor classificadas é 21% superior à média dos municípios com pior desempenho. No caso da coleta e tratamento de esgoto, a diferença é ainda mais acentuada, com taxas que chegam a ser 242% e 168% maiores, respectivamente.
O panorama do esgotamento sanitário é preocupante, especialmente devido ao baixo índice de tratamento de esgoto. Apenas duas cidades, Curitiba (PR) e Santo André (SP), conseguiram atingir 100% de cobertura na coleta de esgoto. Santarém (PA) figurou entre os municípios com os piores índices, com apenas 3,77% de cobertura.
A média de perdas na distribuição de água foi de 45,43% em todo o país, bem acima do limite ideal de 25%. Maceió (AL) lidera as perdas, com 71,73%, enquanto Nova Iguaçu (RJ) se destacou por ter apenas 1,89% de desperdício.
O quadro evidenciado no Ranking Nacional de Saneamento Básico aponta para uma clara desigualdade entre as regiões do Brasil, com os municípios do Norte e Nordeste apresentando os piores índices de cobertura e investimento. Essa disparidade fragiliza ainda mais a capacidade de enfrentar problemas relacionados ao saneamento no Brasil.