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Brasil e Israel: Lula considera ação contra alegado genocídio em Gaza –

O governo brasileiro pretende ingressar oficialmente em uma ação judicial movida pela África do Sul contra Israel na Corte Internacional de Justiça (CIJ) da Organização das Nações Unidas (ONU). A informação foi confirmada por uma fonte do governo brasileiro. Esta ação, que a África do Sul apresenta desde dezembro de 2023, acusa o governo israelense de promover um genocídio contra os palestinos devido a suas operações militares na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.

Israel rejeita essas acusações, alegando que a África do Sul está distorcendo a realidade. A CIJ é um tribunal que trata de litígios entre Estados e não de indivíduos, e a ação contra Israel está em andamento, sem prazo definido para conclusão. Até agora, a Corte já emitiu decisões preliminares contrárias às ações de Israel, mas estas não foram cumpridas. A adesão do Brasil ao processo visa apresentar sua avaliação sobre o cumprimento da Convenção das Nações Unidas sobre Direitos Humanos em relação ao conflito.

Em declarações recentes, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, mencionou que a adesão à ação foi um movimento discutido internamente desde 2023. A ASPA já havia manifestado apoio à ação. Durante uma cúpula dos BRICS, Vieira anunciou a decisão publicamente, ressaltando que o Brasil buscará uma solução pacífica para o conflito e condenando atos que possam ser considerados genocídio.

A adesão do Brasil se insere em um contexto de relações internacionais conturbadas. Recentemente, os Estados Unidos, aliado importante de Israel, impuseram tarifas elevadas a produtos brasileiros, ligando a decisão ao processo judicial que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro.

O processo judicial foi impulsionado após os ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, que resultaram na morte de mais de mil israelenses. Em resposta, Israel iniciou uma ofensiva em Gaza, que, segundo a ONU, resultou na morte de dezenas de milhares de palestinos.

A adesão brasileira reflete as críticas expressas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em suas falas sobre o conflito, onde ele tem utilizado o termo genocídio para descrever a situação em Gaza. Essa abordagem não só age em consonância com as declarações de lideranças internacionais, mas também posiciona o Brasil ao lado de países como Espanha, Irlanda, Cuba e Turquia, que já se juntaram à ação.

A ação da África do Sul argumenta que as estratégias de Israel visam a destruição do povo palestino e incluem assassinatos, infligindo condições de vida severas e causando danos psicológicos e físicos à população palestina. O governo de Israel, por outro lado, defende que suas ações visam combater o Hamas, caracterizando-o como a verdadeira ameaça.

Especialistas em relações internacionais destacam que, enquanto a decisão do Brasil pode receber apoio internacional de algumas nações, ela também poderá desencadear críticas, principalmente entre aqueles que defendem Israel. A polarização do tema no Brasil é perceptível entre grupos que se identificam com a causa palestina e aqueles que apoiam incondicionalmente as ações de Israel.

Embora ações como a do Brasil possam reforçar a posição do país em defesa dos direitos humanos, gera-se um debate sobre as possíveis consequências diplomáticas, com especialistas apontando tanto riscos de deterioração nas relações com Israel quanto de possíveis reações negativas de aliados.

A decisão do governo brasileiro de apoiar essa ação está inserida dentro de uma tradição de defesa de direitos humanos, e seus desdobramentos poderão influenciar a política interna e externa do país nas próximas etapas do processo.

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