Após 8 anos em declínio, o mercado de motocicletas vem reagindo bem em 2022, considerando que hoje muitos usuários têm buscado nelas um refúgio para driblar a alta nos preços dos combustíveis, que parece não ter fim.
Apenas para se ter uma ideia, enquanto o consumo de um carro econômico fica em torno de 15 km/l, o de motos chegam a 55 km/l. E essa crescente demanda deve ser potencializada ainda mais com o aumento de oferta e procura por motos elétricas.
Segundo a Fenabrave(Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) , no primeiro trimestre do ano, foram vendidas 274.766 motocicletas, uma alta de 76,8% em relação ao ano passado e mais de 111% em comparação ao mesmo período de 2020.
Parte dessa fatia do mercado é representada pelo engenheiro civil Leandro Sanches, de 33 anos, que viu nas motos elétricas uma oportunidade de economizar até 75%.
“Percorro 5 km por dia, de casa até o escritório ou até as obras em que estou trabalhando, o gasto mensal de combustível do carro era de R$ 200, hoje em dia, eu gasto no máximo R$ 30 no mês com a moto elétrica”, explica.
Segundo o especialista em mercado de motocicletas e CEO da Taurus Helmets, Carlos Laurentis, o aumento dos emplacamentos deve continuar prosperando este ano, graças ao “custo-benefício muito mais interessante”.
Confira uma breve entrevista que fizemos com o especialista de como será o mercado e os principais desafios para os próximos anos.
1) Com o combustíveis cada vez mais caros, qual a perspectiva de crescimento no segmento de motos para 2023 em relação às motos convencionais à combustão, e agora o das elétricas?
A nossa expectativa de crescimento para o mercado de motos a combustão em 2023 é algo em torno de 15% , ja para até o final de 2022 um pouco menos, talvez chegando a 10% .
Já o de motocicletas elétricas mantemos o otimismo, tendo em vista a equiparação do valor das motos elétricas às movidas a combustível fóssil. Porém a expressividade ainda é representada por uma pequena fatia do mercado, já que segundo a Fenabrave, em abril de 2022, o segmento de motocicletas elétricas representou um pouco menos de 0,5% do mercado nacional.
2) Quais os principais desafios que o segmento da moto elétrica enfrenta no setor hoje?
As montadoras de motos elétricas têm um grande desafio que é trabalhar e atender o consumidor no pós-vendas. Por se tratar de um produto novo utilizando uma matriz energética menos convencional, o consumidor ainda tem receio de como irá funcionar a questão de manutenção frente às montadoras mais tradicionais, as quais o público já está habituado e conhece com maior intimidade.
3) Até 2030, por exemplo, como você vê o ramo de motos a combustão?
Se as montadoras de motocicletas elétricas continuarem a se provar como uma opção viável dentro de um mercado como o do Brasil, a tendência é de crescimento, pois, diferentemente dos carros elétricos, as motocicletas elétricas ja têm preços muito próximos aos modelos a combustão.
Eles devem aumentar a fatia de participação que hoje tem mais de 70% do seu share dominado por uma única fabricante que produz motocicletas a combustão . Por fim, esse crescimento vai ser determinado pela viabilidade financeira na aquisição de manutenção desses veículos.
Neste último fim de semana fui até o Rio Grande do Sul acompanhar a terceira etapa do Campeonato Brasileiro de Rally de Regularidade Histórica , promovido pela Federação Brasileira de Veículos Antigos – FBVA. A etapa chama-se Rally dos Vinhedos e é organizada pelo Veteran Car Club dos Vinhedos , sediado no município de Bento Gonçalves , na Serra Gaúcha.
Só o fato de estar em uma região tão bela, tão bem dotada pela natureza, já vale qualquer dificuldade em chegar, visto que fica no extremo sul do país, região que é bem conhecida pelas baixas temperaturas , especialmente no inverno. Mas é justamente isso que faz do lugar um destino tão desejado.
O Rally dos Vinhedos está comemorando sua décima edição, reunindo 129 veículos antigos e clássicos para um passeio cronometrado pelas estradas da região, passando por municípios como Bento Gonçalves, Garibaldi, Carlos Barbosa, Pinto Bandeira e Santa Tereza. O mais interessante foi a participação de 13 intrépidos pilotos de motonetas clássicas , que enfrentaram a temperatura de quase zero grau no momento da largada.
E mais, diferentemente dos automóveis, que têm um piloto e um navegador, que além de lhe fornecer a velocidade ideal para cada trecho também indica o caminho a ser seguido, no scooter o piloto faz sozinho todos os trabalhos.
Claro, sendo um rally de veículos antigos , essas motonetas, que atualmente são conhecidas por scooters , são de época, de um tempo quando ainda não tinham esse apelido.
Dos 13 participantes, 11 deles pilotavam Vespa nacionais dos anos 80, que eram fabricadas em Manaus, AM, pela Piaggio . Os outros dois pilotavam Lambretta Li 150 , fabricadas nos anos 60. Vespa e Lambretta eram (e são) eternos rivais nesse segmento dos veículos de duas rodas.
Um rally de regularidade , que também pode ser chamado de passeio cronometrado, avalia a capacidade do piloto em manter as médias de velocidade pré-estabelecidas, que figuram na planilha com o roteiro. Quanto mais próximo o tempo de passagem pelos vários pontos de controle distribuídos pelo percurso, menos pontos o participante perde. No final, quem perder menos pontos, de acordo com um regulamento complexo, vence a prova.
Entre as motonetas, o vencedor foi André Sain, de Bento Gonçalves, pilotando (e navegando) a Vespa PX 200 1986 de número 21. André teve 78 pontos perdidos nessa etapa.
Em segundo lugar chegou Daniel Orso, também de Bento Gonçalves, com a Vespa PX 200 Elestart 1987 de número 24, com 84 pontos perdidos. Em terceiro lugar ficou Rodrigo Nenini, de Garibaldi, com a Vespa PX 200 1986 de número 22, com 123 pontos perdidos.
A Volkswagen tem uma história muito interessante. Como sabemos, ela começou na Alemanha da década de 30 produzindo aquele que seria um dos carros mais icônicos do planeta: o Fusca. Naquela época, Ferdinand Porsche criou a ideia de um motor boxer com refrigeração a óleo e manutenção muito simples.
Após o final da Segunda Guerra Mundial, a marca retomou a produção do besouro e, na década seguinte, percebeu que o seu público consumidor buscava algo diferente. Na metade dos anos 50, nasceu o Karmann-Ghia , o modelo com linhas clássicas e esportivas utilizando a mesma mecânica confiável.
Na década seguinte, a Volkswagen ampliou a sua gama de modelos com versões diferentes. No Brasil, a grande mudança ocorreu nos anos 70 quando a matriz deu liberdade para que as suas filiais criassem modelos diferentes de acordo com o público consumidor. O Brasil foi um deles e a genialidade e capacidade de nossos projetistas marcou a história.
Nesse sentido, nasceu o Brasília, em 1973. O projeto da equipe de Márcio Piancastelli conseguiu sanar os problemas clássicos do Fusca e aprimorar a ideia desse projeto tão versátil. Nascia ali um modelo que agradou em cheio o consumidor, trazendo resistência e um estilo muito marcante para as famílias brasileiras.
O modelo comemorou 50 anos este ano com muita festa por parte da montadora. Algumas de suas versões chamaram atenção, trazendo mais acessórios e mais equipamentos. É o caso desse exemplar LS , de 1980, que pertence a Leandro Coelho , mecânico e que também possui um canal popular no YouTube .
O exemplar está extremamente bem conservado com todas as características originais da época. Os destaques vão para o lavador elétrico do vidro, frisos laterais e o interior monocromático. Os bancos com encosto de cabeça também fazem parte desse pacote juntamente com o motor de 1.584 cm³ cilindrada.
Dirigir o Brasília é uma grande satisfação. Realmente o acerto do projeto em relação ao Fusca é notável. Vale destacar a sua estabilidade, o conforto dos assentos e a mesma simplicidade mecânica que acompanhou toda essa história fantástica desses 70 anos da Volkswagen no Brasil .