Crítica: The Sandman – 2ª temporada, volume 2 –

A série “The Sandman” encerra sua história de maneira impactante, trazendo episódios finais que fortalecem ainda mais seu enredo. Desde o início, a produção aborda deuses e mitos que vivem por meio das histórias contadas pelos mortais. Assim, concluir uma série que fala sobre “os Eternos” representa um grande desafio, e o resultado é uma conclusão que honra toda a narrativa abrangente e cheia de nuances que se estende por séculos.
O protagonista, Dream, interpretado por Tom Sturridge, fez uma escolha difícil ao final do primeiro volume da segunda temporada: ele decidiu acabar com a vida de seu filho, Orpheus, o que provoca a ira das Fúrias, deusas da vingança da mitologia grega. Elas agora buscam vingança, e isso gera uma atmosfera de tensão, pois a história explora a possibilidade de que Dream pode não estar tão imortal quanto imagina.
Os cinco episódios do segundo volume evitam as longas divagações típicas da série anterior, apresentando um enredo mais concentrado. O espectador assiste a um desfecho sombrio, similar a um desastre que se aproxima lentamente. Quando Dream percebe que as Fúrias estão determinadas a matá-lo, começa a organizar a defesa de seu reino, “o Sonhar”, ao mesmo tempo que se prepara para a possibilidade de sua própria morte. Infelizmente, cada decisão que ele toma visando evitar esse destino parece levá-lo ainda mais perto da tragédia.
O elenco de apoio se destaca em vários momentos. Os personagens Loki, interpretado por Freddie Fox, e Puck, interpretado por Jack Gleeson, aparecem logo nos primeiros episódios, envolvidos em um plano para sequestrar Daniel, um bebê que nasceu no Sonhar e foi escolhido por Dream como seu potencial sucessor. Mais adiante, Johanna Constantine, interpretada por Jenna Coleman, e o pesadelo Corinthian, vivido por Boyd Holbrook, unem forças para encontrar Daniel e impedir Loki e Puck, revelando uma química romântica inesperada em meio a um cenário de mortes e destruição.
Outra personagem que se destaca é Nuala, vivida por Ann Skelly. Ela é uma fada simples, mas corajosa, que se esforça para reunir diversas criaturas mágicas na defesa do Sonhar. O universo rico de “The Sandman”, que foi cuidadosamente montado nas duas temporadas, começa a ganhar forma, com histórias e personagens se entrelaçando.
Os episódios também apresentam estrelas convidadas em cenas que remetem a despedidas emotivas, seja durante visitas de Dream ou das Fúrias, que acabam assassinando muitos personagens queridos da série. Mesmo que mortes sejam frequentes, elas continuam a ter um impacto significativo na narrativa.
A adaptação da Netflix traz uma sequência que, embora apresente algumas falhas já conhecidas da primeira parte da temporada, mantém a proposta de trazer à tona questões profundas sobre a vida e as responsabilidades pessoais. Embora a série explore temas sombrios e tenha momentos de baixa energia, as interações de Dream com seus familiares e amigos permitindo um desenvolvimento interessante de seus conflitos internos.
O fechamento é adequado, com um grande encontro no penúltimo episódio. O último, que surge como um epílogo, será protagonizado pela irmã de Dream, Morte. Desde a primeira temporada, a jornada de Dream, que começa aprisionado por humanos em busca de poder, se transforma em uma busca por significado em sua função como moldador de sonhos. A série chega a uma reflexão importante: talvez a verdadeira força de um deus resida em reconhecer e valorizar as qualidades da humanidade. Essa é uma mensagem poderosa e sutil para encerrar uma série tão ambiciosa.