“Materialists” análise: um romance como plano de negócio –

Celine Song apresenta seu novo filme, “Materialists”, que, apesar de ter todos os elementos para ser um grande sucesso, não consegue alcançar essa meta. A proposta do filme é explorar as nuances do amor e do casamento, utilizando uma abordagem crítica sobre como essas relações podem ser influenciadas por fatores materiais e econômicos.
A história gira em torno de Lucy, interpretada por Dakota Johnson, uma matchmaker de 35 anos que trabalha em uma agência de encontros sofisticada. Ela se destaca no trabalho por encontrar casais com base em critérios específicos, como altura, peso, idade e renda. Essa metodologia reflete uma visão desumanizada das relações, quase como se estivesse montando um quebra-cabeça. O filme começa com Lucy organizando um casamento entre dois de seus clientes, um momento que é tratado com a mesma importância que um triunfo em um campeonato, ressaltando a ideia de que o amor pode ser algo burocrático.
Em um evento de casamento, ela conhece dois homens que irão influenciar sua vida. O primeiro é Harry, interpretado por Pedro Pascal, um homem rico e encantador, que parece ser um cliente em potencial. O segundo é John, vivido por Chris Evans, um ex-namorado de Lucy que enfrenta dificuldades como ator. Embora Lucy afirme que não se importa com o casamento, a trama rapidamente evolui para um dilema entre amor e segurança financeira.
O filme desafia a visão tradicional do amor, sugerindo que o casamento é mais uma construção social destinada a proteger bens materiais. Lucy, com sua abordagem prática e racional, parece dominar esse jogo. Contudo, o conflito principal surge quando ela se vê inserida na dinâmica que ajuda a perpetuar, levando à incertezas que nenhum cálculo pode resolver.
“Materialists” apresenta um enredo interessante, mas à medida que avança, a história perde ritmo. As conversas entre os personagens tornam-se repetitivas e carregadas de monólogos que não acrescentam nuances emocionais. Em vez de aprofundar os relacionamentos, a narrativa fica presa em um ciclo sem fim. A conexão emocional entre Lucy e os homens em sua vida é falha, o que prejudica a eficácia da narrativa romântica.
Embora o filme trate de questões relevantes e instigantes sobre amor e casamento, ele não consegue equilibrar essa reflexão intelectual com um apelo emocional autêntico. Apesar de “Materialists” levantar questões que poucos cineastas se propuseram a explorar, a falta de desenvolvimento emocional dos personagens faz com que o filme não atinja seu potencial máximo. A conclusão, marcada por uma longa cena visual, é mais impactante do que a resolução da trama, sublinhando que as ideias apresentadas por Song são mais intrigantes do que os personagens que as habitam.