O apocalipse promovido por Lula e Bolsonaro em 2025 –

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No documentário “Apocalipse nos Trópicos”, a cineasta Petra Costa aborda a complexidade da realidade brasileira, mas muitos críticos apontam que sua narrativa é simplista. O filme divide o país entre mocinhos e vilões, colocando os evangélicos como os principais responsáveis pela ascensão do bolsonarismo.
Um dos principais problemas apontados é a falta de conexão clara entre a teologia evangélica e as ações políticas. Além disso, o documentário não considera a diversidade dentro do cristianismo neopentecostal. Outro aspecto importante que não é mencionado é o papel do Partido dos Trabalhadores (PT) na radicalização que culminou nos eventos de 8 de janeiro.
Eduardo Jorge, que foi candidato a vice na chapa de Marina Silva em 2018, resumiu bem essa questão. Ele afirmou que a constante afirmação de Lula sobre a divisão do país entre “nós e eles” criou um clima de hostilidade. Segundo ele, a combinação de corrupção e recessão gerou um ambiente de conflito, sugerindo que o fenômeno do bolsonarismo é uma consequência, em parte, das atitudes de Lula.
A atividade jornalística também é vista como um adversário. Em 2010, um manifesto assinado por mil intelectuais, juristas e jornalistas defendeu a liberdade de imprensa. Em 2014, o site do PT publicou uma lista de jornalistas considerados adversários, o que levou a organização Repórteres sem Fronteiras a alertar sobre os riscos à liberdade de imprensa no Brasil.
Outro ponto de tensão é a figura do “pobre de direita”, que ressalta um elitismo intelectual presente em partes da esquerda. Mesmo assim, durante as eleições que levaram o PT ao poder, Lula e Dilma se dirigiram a esse grupo religioso em busca de apoio.
Uma pesquisa da Universidade Federal do Paraná (UFPR) revela que 48% dos entrevistados acreditam que o Congresso Nacional deve ser ignorado se suas decisões dificultarem o trabalho do governo. Entre os eleitores de Lula, essa porcentagem sobe para 56%, enquanto entre os eleitores de Bolsonaro é de 46%. Quanto à afirmação de que o presidente deve poder desconsiderar decisões judiciais que considere tendenciosas, 44% concordam com essa ideia, sendo 49% entre os apoiadores de Lula e 42% entre os de Bolsonaro.
Petra Costa foca sua análise nos evangélicos, mas as posturas antidemocráticas não estão restritas a uma ideologia específica. Políticos que fomentam a polarização, como Lula e Bolsonaro, são também percebidos como responsáveis pela desordem institucional em um cenário que interessa à cineasta.