Morre José Maria Marin, ex-presidente da CBF –

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José Maria Marin, que faleceu no último domingo, aos 93 anos, teve uma trajetória que mesclou o esporte com a política. Ele ocupou cargos importantes, incluindo o de governador de São Paulo, mas sua imagem ficou marcada principalmente por sua carreira no futebol. Marin foi um dos pioneiros do boxe no Brasil e começou sua trajetória no futebol jogando pelo São Paulo FC, um clube com o qual manteve laços ao longo de sua vida.
Em 2019, Marin foi banido do esporte após ser condenado por suborno e infrações ao Código de Ética da FIFA, decorrente do escândalo chamado Fifagate. Ele foi presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) durante a Copa do Mundo de 2014 no Brasil e, no ano seguinte, foi preso na Suíça, acusado de corrupção. Como vice-presidente da FIFA, Marin enfrentou um processo judicial nos Estados Unidos, onde foi condenado em 2017 a 41 meses de prisão. Ele foi libertado em março de 2020, devido à pandemia de Covid-19.
No futebol, Marin disputou apenas 20 partidas pelo São Paulo entre 1950 e 1952, onde marcou cinco gols. Apesar de ser um jogador regular, não se destacou significativamente, passando a maior parte do tempo no banco de reservas. Foi aconselhado pelo treinador Vicente Feola, um dos campeões da seleção brasileira de 1958, a se concentrar nos estudos para garantir seu futuro. Ele se formou em Direito pela Faculdade do Largo de São Francisco em 1955, o que impulsionou sua carreira política.
A carreira política de Marin começou em Santo Amaro, bairro de São Paulo, onde foi eleito vereador em 1963, com o apoio de amigos influentes. Durante a ditadura militar, ele se destacou como presidente da Câmara Municipal em 1969 e, posteriormente, como deputado estadual pela Arena, partido de apoio ao regime. Marin ficou conhecido por seus discursos enfáticos contra a esquerda e estabeleceu vínculos com órgãos de repressão.
Em 1982, Marin tornou-se presidente da Federação Paulista de Futebol, cargo que ocupou até 1988. Ele representou o Brasil na Copa do Mundo de 1986, no México, e no início dos anos 2000, teve uma rápida ascensão ao comando da CBF. Ele assumiu a entidade em 2012, onde também liderou o Comitê Organizador da Copa de 2014. Marin tomou posse em um período conturbado, logo após a saída de Ricardo Teixeira, e rapidamente se posicionou como uma figura proeminente no futebol brasileiro.
Durante sua gestão na CBF, Marin trouxe Luiz Felipe Scolari de volta como técnico da seleção brasileira e fez uma escolha polêmica ao ignorar treinadores estrangeiros, optando por nomes tradicionais como Scolari e Carlos Alberto Parreira. Embora a seleção tenha conquistado a Copa das Confederações em 2013, o desempenho decepcionante na Copa do Mundo de 2014, culminando na histórica derrota de 7 a 1 para a Alemanha, gerou críticas sobre sua gestão.
Após a queda do regime militar, Marin enfrentou dificuldades em sua carreira política, incluindo fracas candidaturas para a Prefeitura de São Paulo e o Senado. Contudo, ele teve um papel na campanha de Jânio Quadros à prefeitura em 1985. Marin manteve-se ativo em várias turmas de direita e continuou a buscar influências tanto no esporte quanto na política ao longo de sua vida.
Além de seu legado no futebol e na política, Marin também é lembrado por seus discursos polêmicos, especialmente durante a ditadura, que levantavam questões sobre a cobertura da mídia e a programação da TV Cultura. Suas palavras, proferidas em um contexto de intensa repressão, refletiam suas convicções conservadoras e nacionalistas, que marcaram sua trajetória até o fim de sua vida.