A Ingresse, uma das principais plataformas de venda de ingressos online no Brasil, anunciou a aquisição da Ingresso Nacional. Essa compra tem o potencial de aumentar a receita da Ingresse em 10% e reforça sua presença no Sul do país, uma região com um mercado diversificado de entretenimento.
Embora o valor da transação não tenha sido divulgado, este é o oitavo movimento de aquisição realizado pela Ingresse desde sua fundação. A empresa tem se concentrado em uma estratégia agressiva de fusões e aquisições para se firmar em um setor que ainda apresenta muitos vendedores pequenos e uma parte significativa das vendas realizada de forma presencial.
A transação foi realizada parcialmente em dinheiro e parcialmente em ações. Os três fundadores da Ingresso Nacional, Robson Ravache, Ricardo Valleta e Vagner Carvalho, continuarão envolvidos na operação como executivos. Fundada em 2009, a Ingresso Nacional é uma das líderes no Sul do Brasil, competindo com empresas como BlueTicket e Uhu. No ano passado, a Ingresso Nacional teve um volume de vendas de cerca de R$ 200 milhões, enquanto a Ingresse registrou R$ 2 bilhões.
Para 2023, a expectativa da Ingresse é alcançar um volume de vendas de R$ 2,5 bilhões, sem considerar a nova aquisição. O fundador da Ingresse, Gabriel Benarrós, destacou que o Sul é um mercado consolidado e rico em eventos, especialmente em cidades como Florianópolis. No entanto, ele observou que o mercado local tende a ser mais conservador, frequentemente favorecendo produtores regionais.
A Ingresso Nacional, assim como a Ingresse, se especializa na venda de ingressos para eventos musicais, mas também abrange outros segmentos. Recentemente, a Ingresso Nacional foi responsável pela venda de ingressos para a Expointer, uma das maiores feiras de agronegócios do Brasil, realizada no Rio Grande do Sul.
Em termos de lucratividade, Benarrós comentou que a Ingresso Nacional possui uma margem de lucro maior, porém apresenta um crescimento mais lento devido à ausência de investimentos significativos em expansão. Essa aquisição poderá melhorar a margem geral da Ingresse.
Nos últimos anos, a Ingresse financiou suas aquisições principalmente por meio do fluxo de caixa gerado por suas operações. A última captação de recursos foi em 2019, quando arrecadou R$ 90 milhões em uma rodada liderada pelo Endurance, um family office. Atualmente, a empresa já está se preparando para conversar com fundos de investimento sobre uma nova captação, que poderia acelerar sua estratégia de fusões e aquisições, já que há um interesse em ações que representam um volume conjunto de mais de R$ 7 bilhões.
Além disso, a nova captação pode possibilitar transações mais significativas, como parcerias com outras plataformas de ingressos de tamanho semelhante. Benarrós informa que a Ingresse, junto com a TicketMaster, é considerada uma das líderes no setor no Brasil, contando com um volume de operações semelhante, embora a TicketMaster opere com uma estrutura verticalizada.
Outras empresas notáveis no mercado incluem a Sympla, pertencente ao grupo Movile, e a Eventim, que tem uma forte concentração em um único cliente. Benarrós observa que, apesar da presença significativa de algumas grandes empresas, estima-se que Ingresse e TicketMaster juntas detenham menos de 20% do total do mercado online de vendas de ingressos, indicando que o setor ainda é bastante fragmentado.
