Presidente da conferência critica pedido para retirar a COP de Belém –

O embaixador André Corrêa do Lago, que preside a COP30, informou que alguns países sugeriram que o evento não aconteça em Belém, no Pará. Essa preocupação surgiu devido aos preços elevados das hospedagens na cidade, que foram considerados “completamente abusivos”. Durante um evento com o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás, ele relatou que há um esforço do governo federal, por meio da Casa Civil, para negociar com o setor hoteleiro a redução dos valores das diárias.
Corrêa do Lago destacou que essa questão já havia sido discutida em reunião anterior, onde representantes de várias regiões expressaram suas preocupações sobre os altos preços. Ele mencionou que muitos países em desenvolvimento desistiram de participar da conferência por causa do que consideram preços extorsivos.
Recentemente, o escritório climático da Organização das Nações Unidas (ONU) organizou uma reunião de emergência para discutir soluções para o problema da acomodação em Belém. A reunião, realizada online, contou com a participação de membros da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima e do governo do Pará, representado pelo governador Helder Barbalho.
O governo federal tem programada uma nova reunião para o dia 11 de agosto, onde serão debatidos diversos aspectos essenciais para a realização da conferência, como transporte, segurança e alimentação. Além disso, Richard Muyungi, presidente do Grupo Africano de Negociadores, afirmou que o Brasil se comprometeu a responder às preocupações sobre alojamento e que um relatório será apresentado no próximo encontro. Muyungi pediu garantias de que as acomodações serão adequadas para todos os delegados e expressou necessidade de soluções mais eficazes.
Entretanto, o governo brasileiro enfrenta desafios adicionais com a antecipação da cúpula dos líderes, prevista para os dias 6 e 7 de novembro, o que ampliou a necessidade de segurança e logística em Belém. Para contornar a situação de acomodação, estão sendo consideradas soluções improvisadas, como a utilização de habitações do programa Minha Casa Minha Vida como estadia temporária para os participantes. Além disso, a Polícia Rodoviária Federal planeja utilizar salas de aula como abrigo para os agentes que trabalharão no evento.
A Secretaria Extraordinária da COP30 informou que mantém um diálogo contínuo com as Nações Unidas e reiterou seu compromisso de realizar uma conferência ampla e acessível. Até o momento, estão disponíveis 2.500 quartos individuais, com preços variando entre 100 e 600 dólares.
A distribuição está planejada da seguinte forma: para 73 países classificados como Países Menos Desenvolvidos (LDCs) e Pequenos Estados Insulares, foram reservados 15 quartos individuais com tarifas entre 100 e 200 dólares. Para os demais países, estão disponíveis 10 quartos por delegação, com tarifas de 220 a 600 dólares.
Os altos preços das hospedagens se tornaram um grande entrave antes da COP30. Durante uma recente reunião da Convenção do Clima em Bonn, na Alemanha, as delegações criticaram os custos exorbitantes que dificultam a participação de países mais pobres. Desde fevereiro, promessas de criar uma plataforma de hospedagem não se concretizaram, e o último prazo, que se estendia até o fim de junho, foi ignorado.
Representantes de várias nações, incluindo da Europa, África e Oceania, indicaram que estão reduzindo suas delegações devido a essas dificuldades. Há relatos de que algumas tarifas em Belém chegam a ultrapassar 2 mil dólares por noite.
Em resposta ao aumento das dificuldades de acomodação, o governo federal anunciou a contratação de dois navios de cruzeiro, o MSC Seaview e o Costa Diadema, como alternativas temporárias para alojar os participantes na capital paraense. Essa medida prevê cerca de 3.900 cabines com capacidade para até 6 mil pessoas, embora tenha sido necessária uma garantia de 259 milhões de reais às empresas responsáveis, em caso de ociosidade durante o evento.