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Estudante com dois empregos busca mudar a vida da avó –

A estudante Júlia Couto, de 21 anos, enfrenta uma rotina diária intensa em Vargem Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Todos os dias, ela sai de casa às 5h da manhã e caminha 20 minutos até o ponto de ônibus, antes de pegar um coletivo e, em seguida, o metrô em direção ao campus da Uerj, onde cursa o 4º período de Pedagogia. No retorno, o trajeto é ainda mais longo, envolvendo um ônibus e dois BRTs, antes de chegar a suas ocupações como atendente de uma cafeteria e professora de dança. Júlia só consegue chegar em casa por volta das 21h.

Recentemente, Júlia enfrentou dificuldades com seu cadastro do Jaé, o novo sistema de bilhetagem que será o único aceito nos transportes públicos municipais, como ônibus e BRT. Como universitária beneficiária de gratuidade, ela se viu “desesperada” pela demora na aprovação de seu cadastro, o que tem gerado queixas de outros usuários também.

Suas reclamações não passaram despercebidas e rapidamente chegaram até o prefeito Eduardo Paes. Júlia compartilhou suas preocupações em vídeos publicados nas redes sociais, onde se tornou uma espécie de “porta-voz” para muitos cidadãos. Com bastante humor e sinceridade, ela abordou questões sobre o novo sistema, incluindo críticas ao nome “Jaé” e a forma como a gratuidade era anunciada pelos validadores. Esses vídeos foram muito populares, acumulando centenas de milhares de visualizações.

No início de julho, Júlia teve a oportunidade de se reunir pessoalmente com o prefeito, que lhe entregou o cartão Jaé após uma conversa em meio a entrevistas e gravações. Durante o encontro, ela levantou problemas como a precariedade dos ônibus e a necessidade de reformas na frota.

A equipe de comunicação do prefeito entrou em contato com Júlia pelo Instagram, onde ela recebe várias reclamações da população. Após a reunião com Paes, suas publicações sobre o sistema de transporte ganharam ainda mais visibilidade, ajudando-a a se estabelecer não só como estudante, mas também como influenciadora. Sua presença online cresceu, especialmente no TikTok, onde já conta com mais de 45 mil seguidores.

Entretanto, nem tudo foram flores. Júlia também enfrentou críticas pela responsabilidade que assumiu ao se reunir com a Riocard, a empresa que administra os cartões de transporte. Algumas pessoas a acusaram de se vender ao sistema. Em resposta, ela explicou que se sentiu na obrigação de reivindicar melhorias, sem receber compensações financeiras por isso.

Júlia, que cresceu em condições difíceis, com experiências pessoais que a marcaram, deseja mudar sua realidade e a da sua avó, que vive em uma casa precária em Mesquita. Ela mencionou a luta interna que enfrenta, lidando com traumas do passado, e como a criação de conteúdo nas redes sociais a ajuda a se expressar e a processar suas emoções.

Ela espera que seu futuro na internet possa não apenas oferecer uma nova vida para si e sua avó, mas também inspirar outros em situações semelhantes. Apesar de ter sido incentivada a entrar na política, Júlia mantém o foco em sua educação e nas oportunidades que a internet pode proporcionar.

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