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ECB: euro digital será lucrativo para provedores de pagamento

A proposta de criação do euro digital pode trazer benefícios financeiros para os prestadores de serviços de pagamento, segundo Piero Cipollone, membro do conselho executivo do Banco Central Europeu (BCE). Durante uma audiência no Parlamento Europeu, ele afirmou que a implementação do euro digital não deve causar prejuízos e que isso precisa ser demonstrado.

Cipollone explicou que a adoção do euro digital não será em uma escala que comprometa a estabilidade financeira da região. Ele enfatizou que a quantidade necessária de uso pode ser suficiente para justificar os investimentos em infraestrutura e compensar os grandes atores do mercado.

Segundo estimativas da Comissão Europeia, o custo de integração do euro digital no sistema da zona do euro é entre 2,8 e 5,4 bilhões de euros. Cipollone mencionou que outras avaliações de custos chegaram a ser seis ou dez vezes maiores, questionando a credibilidade desses números.

Como uma moeda pública, o euro digital seria gratuito para os consumidores e aceito em todos os lugares. Para que a sua distribuição seja vantajosa para bancos e outras instituições, o Eurosystem está propondo um modelo de compensação que cubra os custos e mantenha as condições justas.

Atualmente, o BCE está finalizando a fase de preparação para o lançamento de uma moeda digital de banco central, que visa complementar o uso de dinheiro em espécie. No entanto, a decisão de emitir o euro digital depende de um consenso entre os estados-membros e o Parlamento Europeu sobre o quadro legislativo.

Neste momento, as discussões no Parlamento estão paralisadas. Esta foi a quinta de um total de 14 audiências programadas com a comissão de assuntos econômicos. Desde a apresentação do relatório inicial em fevereiro de 2024, não houve votação, e o relator anterior deixou o cargo em dezembro. O novo responsável, Fernando Navarrete, por sua vez, publicou um documento questionando a necessidade do euro digital.

Navarrete acredita que a moeda digital não resolve questões como a dependência em provedores de pagamento não europeus, como Visa e Mastercard. Ele argumenta que países que ainda não implementaram moedas digitais têm se mostrado cautelosos em razão de implicações sistêmicas, como riscos à estabilidade financeira e baixa demanda do consumidor.

O MEP espanhol sugere que o foco deve ser em uma moeda digital voltada para grandes transações, ressaltando que as circunstâncias mudaram desde a proposta inicial do euro digital para o varejo. Navarrete também defende que o BCE assuma um papel mais neutro e facilitador.

Além disso, o BCE alerta que a Europa precisa avançar rapidamente na criação do euro digital, já que o uso de dinheiro em espécie vem caindo. As transações em dinheiro diminuíram de 68% para 40% nos últimos cinco anos, refletindo uma tendência de digitalização.

Cipollone argumentou que o euro digital poderia servir como uma rede de segurança em momentos de crise, garantindo uma alternativa pública confiável se os sistemas privados falharem. Em um cenário de tensões geopolíticas e ataques cibernéticos, essa segurança se torna essencial, e ele comparou a importância dos serviços de pagamento à de serviços como eletricidade e água limpa.

As discussões entre os ministros das finanças da UE estão avançando, com a presidência da Dinamarca buscando uma posição comum até o final de 2025. Entretanto, ainda há muitos obstáculos a serem superados. Vários governos afirmam que é necessário mais trabalho técnico antes de aprovar a proposta. Isso inclui encontrar um modelo de compensação justo, garantir proteção à privacidade dos cidadãos e definir quem tomará a decisão final sobre o lançamento do euro digital.

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