A dor no coração de Barroso

Luís Roberto Barroso, que deixou hoje a Presidência do Supremo Tribunal Federal, revelou que sentiu “dor no coração” ao votar pela condenação de Luiz Inácio Lula da Silva em 2018. Essa confissão trouxe à tona a questão sobre a maneira como Barroso reagiu em momentos cruciais do cenário político e judicial brasileiro.
Ao longo dos últimos anos, o comportamento de Barroso gerou controvérsias. Sua reação ao desdobramento de eventos significativos na política do país parece ter sido seletiva. Por exemplo, quando foi instaurado o Inquérito do Fim do Mundo, ele expressou satisfação. Por outro lado, não demonstrou inquietação quando Lula teve suas condenações anuladas, ou quando a censura atingiu veículos de comunicação independentes, como o Terça Livre, que possuíam milhões de seguidores.
Além disso, Barroso mostrou-se contrário à implementação do voto impresso e auditável nas eleições, afirmando que “eleição não se ganha, se toma”. Em diversos momentos, como na condenação do deputado Daniel Silveira por suas declarações, o magistrado não externou preocupação. Atos de censura que ocorreram nas eleições de 2022 também não o incomodaram, ao contrário, Barroso viu atividades nesse sentido como eficazes para a “salvação da democracia”.
A declaração de Barroso sobre Lula parece ser a única situação em que ele se manifestou com pesar, em comparação com as muitas outras que não provocaram reação dele. No entanto, os efeitos das decisões tomadas por ele e pelo tribunal têm sido sentidos por muitos brasileiros que enfrentaram dificuldades e injustiças ao longo desse período.
O enfoque na expressão “coração” no discurso popular costuma se referir a sentimentos, mas em um contexto mais amplo, como nas Escrituras e reflexões filosóficas, o coração é visto como o centro da existência humana, onde razão, vontade e emoções se encontram. O comportamento de Barroso ao longo do tempo deixa uma marca, sendo visto por muitos como indiferente a uma gama de problemas que afetam a sociedade.
O legado de Barroso poderá ser avaliado à medida que as crises enfrentadas pelo país prosseguem, e espera-se que, no futuro, ele compreenda as consequências de suas decisões.