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Aamir Khan em missão econômica para salvar Bollywood –

Aamir Khan, um dos astros mais conhecidos de Bollywood, teve uma preocupação há cerca de dez anos ao perceber que apenas uma pequena parte da população indiana assistia seus filmes no cinema. Embora o cinema indiano seja amplamente amado e tenha um grande impacto na sociedade, apenas 2 a 3% dos 1,4 bilhão de indianos frequentam as salas de cinema.

Um dos principais problemas é o acesso, especialmente em áreas rurais. Para enfrentar essa questão, Khan, que tem no currículo filmes como “Lagaan”, “3 Idiots” e “Taare Zameen Par”, tentou desenvolver um projeto para construir milhares de cinemas de baixo custo em áreas rurais, onde os filmes poderiam ser transmitidos via satélite. No entanto, a burocracia atrapalhou seus esforços.

Outro fator que se tornou um obstáculo significativo é o custo das entradas. Antigamente, ir ao cinema era um evento vibrante que envolvia reuniões de famílias em cinemas de tela única, com ingressos que custavam apenas alguns rúpias. Mas com o surgimento dos multiplexes, ir ao cinema virou uma experiência mais cara, com ingressos que frequentemente custam mais de 500 rúpias, um valor alto para a maioria das famílias indianas.

Khan, que tem 60 anos, comentou sobre essa mudança: quando seu primeiro filme foi lançado, os ingressos custavam apenas 10 rúpias, permitindo que famílias de todas as classes sociais pudessem assistir aos filmes. Ele afirmou que o cinema se tornou um meio voltado apenas para as classes mais altas e reconheceu que os cineastas precisam fazer mais para alcançar o restante da população.

Diante dessa situação, muitas pessoas começaram a buscar outras formas de assistir aos filmes, como esperar pelas exibições na TV por satélite ou ver versões piratas em seus celulares. Para mudar esse cenário, Khan anunciou um novo formato para suas produções. Após a exibição nos cinemas, seus filmes, como a mais recente obra “Sitaare Zameen Par” (Estrelas na Terra), estarão disponíveis exclusivamente no YouTube por apenas 100 rúpias, o que representa menos de 1 real.

Khan optou pelo YouTube porque a plataforma possui um enorme alcance na Índia, com 491 milhões de usuários, enquanto outros serviços de streaming, como a Netflix, contam com apenas 12 milhões de assinantes no país. Ele acredita que a penetração da internet na Índia agora é tão grande que não é mais necessário depender das salas de cinema para alcançar o público. Para ele, esse novo modelo permitirá que um maior número de pessoas tenha acesso aos filmes a um preço acessível.

O ator enfatizou a importância de que uma família inteira possa assistir a um filme por apenas 100 rúpias, reduzindo o custo por pessoa consideravelmente. Essa nova abordagem também é uma resposta à crise que o cinema indiano enfrenta, que, segundo Khan, foi exacerbada pelo papel negativo que as plataformas de streaming podem ter desempenhado.

Nos últimos anos, a indústria cinematográfica indiana vem enfrentando dificuldades, não apenas por conta da bilheteria em declínio, mas também por questões de censura. Desde a ascensão de uma política de direita no país, cineastas têm relatado que a censura se tornou mais rígida, limitando a liberdade criativa. Os principais astros de Bollywood, como Khan, Shah Rukh Khan e Salman Khan, têm sido alvo de campanhas de ódio e boicotes, especialmente por serem muçulmanos em um ambiente crítico.

Khan expressou que a liberdade criativa no setor cinematográfico tem sido prejudicada por pessoas que não têm um profundo entendimento da comunicação de massa. Apesar de considerar a aposentadoria, o ator permanece otimista sobre o futuro do cinema indiano e acredita que esse novo modelo de distribuição pode ser a solução. Ele vê isso como uma oportunidade para revitalizar a indústria e atingir um público maior. Se essa nova abordagem não funcionar, ele reconhece que a situação será desafiadora para todos os envolvidos.

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