Análise: Europa e China continuam em desacordo após tarifas de Trump –

Um encontro importante está agendado em Pequim entre líderes da União Europeia e da China. O presidente do Conselho Europeu, Antonio Costa, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, vão se reunir com o líder chinês, Xi Jinping, e o primeiro-ministro Li Qiang. O objetivo é discutir a relação entre as duas potências, especialmente em um momento em que ambas enfrentam desafios em suas relações comerciais com os Estados Unidos.
Nos últimos tempos, as tarifas sobre as exportações para os EUA aumentaram, levando a China a buscar maior colaboração com a Europa e outras potências econômicas. No entanto, questões de desconfiança e descontentamento entre as partes podem complicar esse entendimento. A Europa expressou suas preocupações com a competição desleal de produtos chineses que inundam o mercado europeu. Além disso, os europeus estão preocupados com a maneira como a China está manipulando a cadeia de suprimentos de terras raras e apoiando a Rússia em sua guerra na Ucrânia.
As tensões aumentaram ainda mais após a UE impor tarifas mais altas sobre veículos elétricos chineses, o que resultou em uma série de investigações comerciais por parte da China. Recentemente, a Comissão Europeia baniu empresas chinesas de participar de licitações públicas para dispositivos médicos de alto valor, e em resposta, a China impôs restrições semelhantes a produtos europeus.
O governo chinês criticou a inclusão de bancos chineses em novas sanções da UE contra a Rússia, afirmando que isso afetará negativamente as relações econômicas entre os dois blocos. O ministro do Comércio da China, Wang Wentao, expressou descontentamento formalmente em uma conversa com o comissário de Comércio da UE.
O encontro está sendo descrito como algo potencialmente conturbado, uma vez que as expectativas de concretização de acordos são baixas. Especialistas indicam que as conversas podem, no entanto, ser uma forma de progresso, mesmo sem resultados imediatos. A Europa não pretende cortar laços com a China, mas busca equilibrar sua relação econômica, que em 2022 apresentava um déficit de mais de 300 bilhões de euros.
Embora os líderes da China cheguem ao encontro em uma posição relativamente forte, observadores destacam a necessidade urgente da Europa em lidar com a pressão de evitar tarifas elevadas dos EUA, especialmente com um prazo se aproximando. Assim, muitos veem o encontro não apenas como um desafio, mas também como uma oportunidade para conversas sobre questões globais, como a mudança climática e inteligência artificial, em que ambos os lados podem colaborar.
Por outro lado, os líderes chineses reafirmam que não irão mudar sua posição em relação à Rússia ou às tarifas sobre seus produtos, mantendo pressão sobre a Europa para obter melhores condições em acessos ao mercado europeu. A expectativa é de que novos desafios surgem nas discussões, mas a interação pode abrir espaço para futuras colaborações.