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Atendimento humano se tornará caro e escasso –

As grandes empresas de tecnologia estão oferecendo companheiros virtuais e aplicativos de namoro para quem se sente solitário e busca contato humano. Em contraste, pessoas com alto poder aquisitivo estão trocando esses serviços por encontros personalizados, contratando profissionais que realizam esse trabalho. Enquanto muitos utilizam aplicativos que dependem de algoritmos, esses clientes pagam valores elevados, chegando a até 9 mil dólares, para ter acesso a casamenteiras que fazem um trabalho humano e personalizado.

Esses serviços incluem entrevistas detalhadas e uma análise comportamental para conectar as pessoas com pretendentes compatíveis. Essa abordagem é bem diferente dos aplicativos de namoro, onde os usuários costumam se perder em perfis falsos e em um interminável “arrastar para o lado”, transformando relacionamentos em jogos viciantes.

Além dos aplicativos, empresas como Meta, OpenAI e Replika também vendem companheiros virtuais que usam inteligência artificial. Essas interações promessas de conforto emocional, mas muitas vezes levam a um isolamento ainda maior, já que os relacionamentos com chatbots ficam distantes realidades complexas que requerem interação humana genuína.

Esse cenário revela uma dinâmica preocupante. As mesmas empresas que promovem um consumo excessivo de tecnologia, que fragmenta conexões sociais, agora oferecem soluções que ajudam a aliviar a solidão que elas próprias contribuíram para criar. Isso representa uma monetização do vazio emocional, um paradoxo que se torna evidente à medida que as pessoas dependem cada vez mais de alternativas sintéticas.

Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, já mencionou a intenção de preencher o que ele chama de “déficit de amizades” com relacionamentos artificiais, sugerindo que muitos dos espaços na vida social das pessoas podem ser ocupados por robôs.

Estamos caminhando para uma sociedade onde o acesso a serviços como médicos, terapeutas e professores se divide entre humanos e suas versões robotizadas, reforçando novas desigualdades sociais. A tecnologia que prometia democratizar o acesso a serviços pode, na verdade, criar camadas sociais baseadas nas capacidades financeiras das pessoas.

Curiosamente, esses serviços de encontro de alto custo funcionam tão bem exatamente porque evitam as armadilhas oferecidas por soluções tecnológicas baratas. Oferecem discrição, exclusividade e a habilidade de lidar com a complexidade das relações humanas, algo que os algoritmos não conseguem replicar. Essa situação levanta importantes reflexões sobre o futuro das conexões humanas em um mundo cada vez mais mediado pela tecnologia.

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