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Azeite do Rio Grande do Sul é reconhecido entre os melhores do mundo

Nos arredores de Viamão, a 21 km de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, encontra-se a Estância das Oliveiras, onde a produção de azeite brasileiro tem ganhado notoriedade. Recentemente, a empresa foi premiada com o troféu Best in Class e sete medalhas no concurso Anatolian iOOC, um dos mais importantes do setor, além de ter conquistado o primeiro lugar no Prêmio Mario Solinas Quality Award em 2024, promovido pelo Comitê Oleícola Internacional.

Esse destaque não é fruto do acaso. A Estância foi desenvolvida após nove anos de pesquisas para criar condições ideais no solo e escolher as dez variedades de oliveiras que abastecem a produção. A história do projeto começou há 22 anos, quando Lucídio Morsch Goelzer, um gaúcho de Passo Fundo, se inspirou em suas viagens à Europa. Como apreciador de azeite, ele percebia uma diferença de qualidade entre os produtos que trazia de fora e os disponíveis no Brasil, levando-o a decidir produzir seu próprio azeite.

O olival começou com 1,5 hectare na propriedade da família, com a ajuda de pesquisas da Embrapa, que trouxe 36 variedades de diferentes países. Após várias tentativas, foram selecionadas as dez variedades mais produtivas e adaptadas à região. André Sittoni Goelzer, diretor operacional da Estância, explica que a adaptação do solo foi fundamental, e foi necessário neutralizar a acidez do terreno usando calcário e gesso. O solo na região é diferente do da Europa, com menos teor de calcário, e para evitar o excesso de umidade, as plantas são espaçadas, permitindo melhor acesso à luz do sol.

Atualmente, a Estância conta com 28 hectares de oliveiras, com cerca de 180 plantas por hectare. O manejo é totalmente orgânico, com o solo coberto por forrageiras, e 157 colmeias de abelhas sem ferrão estão posicionadas nas bordas para realizar a polinização natural das oliveiras. As plantas começaram a florir em setembro. Entre as variedades cultivadas estão a arbequina, arbosana, picual, coratina e koroneiki. Para proteger as flores e os frutos da chuva, a Estância está testando um sistema de cobertura com plástico transparente.

Atualmente, o Brasil possui cerca de 10 mil hectares de oliveiras, com metade em plena produção. Muitas dessas plantas ainda não dão frutos, pois uma oliveira leva, em média, três anos para produzir. O Rio Grande do Sul é responsável por 80% da produção nacional, com um total de 190 mil litros de azeite em 2025, embora esse número ainda esteja longe do recorde de 580 mil litros alcançado em 2023. O Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva) prevê uma recuperação na produção para 2026, mas observa que a fase de floração pode ser prejudicada por chuvas intensas.

Apesar de ser uma atividade recente, a olivicultura brasileira se destaca pela competitividade. Por ser uma cultura nova, muitos produtores buscam as melhores práticas de cultivo e tecnologia, resultando em azeites de alta qualidade. Na Estância das Oliveiras, a produção máxima foi de 8,6 mil litros em 2023, enquanto este ano a colheita rendeu 6,3 mil litros. As azeitonas são colhidas de forma manual, empregando 58 pessoas. Para as copas mais altas, uma derriçadeira é usada, semelhante ao maquinário utilizado na colheita de café. Após a coleta, as azeitonas são limpas e levadas para o lagar em menos de quatro horas, onde passam por prensagem a frio e centrifugação. A polpa residual é utilizada em cosméticos, e o restante é transformado em adubo, com estudos para uso na alimentação animal.

Além da produção do azeite, a Estância oferece experiências para os turistas. Uma trincheira de 3 metros de profundidade foi escavada para demonstrar as diferentes camadas do solo e sua relevância na produção do azeite extravirgem. Os visitantes aprendem que o azeite ideal deve ter “defeito zero” e pode apresentar até 12 notas de sabor.

A Estância ocupa um total de 128 hectares, com 35% da área dedicada a reservas naturais. Atividades pedagógicas para escolares são realizadas sob uma figueira de 300 anos. A propriedade é autossuficiente em energia, utilizando 350 painéis solares e um aerogerador. Além disso, a família também produz leite e carne, além de criar ovelhas.

Com a abertura ao turismo, a Estância está desenhando novos caminhos para a olivicultura no Brasil. A receita do oliviturismo supera em duas vezes e meia a receita da venda de azeite. O local recebeu 138 mil visitantes no último ano e promove degustações, ensinando os turistas sobre a apreciação do azeite de qualidade.

Produção Editorial

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