Na segunda-feira, 14 de julho, o Bitcoin atingiu um novo recorde de preço em reais, sendo negociado a R$ 681.000. Este valor superou os R$ 669.735 registrados em dezembro de 2024.
A maior criptomoeda do mercado, o Bitcoin, já havia alcançado máximas históricas em dólar em outras ocasiões recentemente. No entanto, a valorização do real em relação ao dólar impediu que o preço da moeda digital superasse recordes em reais.
Esse cenário poderia mudar com a implementação de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros que Donald Trump anunciou no dia 9 de julho. As tarifas devem entrar em vigor no dia 1º de agosto e, se aplicadas, têm potencial para desvalorizar o real frente ao dólar. Esse contexto se agrava, mesmo com a queda de 11% do índice DXY, que acompanha o desempenho do dólar, neste ano.
Analistas do mercado de criptomoedas foram consultados para discutir como as mudanças econômicas e geopolíticas podem influenciar o preço do Bitcoin especificamente no Brasil. Eles destacam que as tarifas anunciadas por Trump pressionam a moeda brasileira, mesmo em um cenário de desvalorização do dólar no mercado global. A aplicação dessas tarifas é esperada para impactar as exportações do Brasil, reduzindo a entrada de dólares e, por consequência, aumentando a valorização do dólar em relação ao real.
Victor Alfa, economista, ressalta que a mensagem de Trump ao governo brasileiro, que envolve também referências políticas, aponta para uma estratégia geopolítica, não apenas econômica. Essa abordagem poderia amplificar os riscos para a moeda brasileira, implicando em pressões mais duradouras no câmbio.
Uma retaliação do Brasil às tarifas poderia aumentar o risco associado à economia nacional, levando à fuga de capitais e a uma possível deterioração das expectativas dos investidores. Em um contexto similar, durante a guerra comercial entre os EUA e a China, tarifas tiveram um impacto significativo nas moedas envolvidas.
Se as tarifas de 50% forem realmente implementadas, a expectativa é que o real se desvalorize entre 15% e 20%. Isso poderia elevar o preço do dólar para o intervalo de R$ 6,42 a R$ 6,70, o que comprometereia ainda mais a situação econômica do país. Mesmo com o preço do Bitcoin em dólar permanecendo estável, isso pode fazer com que sua cotação em reais suba.
Thiago Fagundes, diretor de negócios do Mercado Bitcoin, enfatiza que, em momentos de desvalorização do real, o preço do Bitcoin tende a subir em reais, tornando a criptomoeda uma opção de proteção para investidores locais.
Sobre as projeções para o preço do Bitcoin, Sarah Uska, analista do Bitybank, alerta que é arriscado fazer previsões em um cenário marcado pela volatilidade política e econômica. Ela menciona que as características positivas do Bitcoin no mercado sugerem um futuro promissor, mesmo sem números concretos.
Thiago Fagundes faz uma estimativa moderada, indicando que o Bitcoin poderia alcançar R$ 885.000 até 2025, considerando uma taxa de câmbio favorável e uma valorização do Bitcoin em níveis recordes.
Victor, por sua vez, apresenta um cenário que poderia levar o Bitcoin a valores ainda mais altos devido à desvalorização do real. Com uma possível cotação do dólar mais elevada, o Bitcoin poderia ultrapassar a marca de R$ 1 milhão, consolidando seu papel como um ativo de proteção em tempos de incerteza econômica.
Os bancos também alertam para a possibilidade de pressões no câmbio no segundo semestre de 2025, após um período de valorização do real. Análises de instituições financeiras indicam que o dólar pode se estabilizar entre R$ 5,70 a R$ 6,00, mas projeções mais pessimistas sugerem que a moeda americana pode atingir até R$ 7,10. Essa situação é alimentada por fatores como riscos fiscais internos e políticas comerciais de Trump, que podem prejudicar as trocas comerciais entre Brasil e Estados Unidos.
Este conjunto de fatores torna o cenário desafiador para o real, mas potencialmente favorável para os investidores em Bitcoin no Brasil, que poderiam ver sua valorização aumentar conforme a moeda digital se torna uma alternativa em um ambiente econômico instável.
