Doca Street: destino do assassino de Ângela Diniz hoje

Marjorie Estiano destaca importância de Ângela Diniz no cinema brasileiro
A história de Ângela Diniz, uma socialite assassinada pelo namorado Doca Street em 1976, está novamente em evidência com a minissérie “Ângela Diniz: Assassinada e Condenada”, disponível na HBO Max. Nessa produção, Marjorie Estiano interpreta a protagonista e ressalta a relevância de Ângela ao desafiar os estereótipos femininos no cinema.
Ângela foi morta por Doca, que a alvejou com quatro tiros após uma discussão sobre o término do relacionamento. A imagem de Doca, um empresário casado e pai de família, e a relação deles são centrais na trama. Após o crime, Doca fugiu e foi capturado em janeiro de 1977.
O caso teve ampla cobertura da mídia, marcada por uma perspectiva machista que muitas vezes desconsiderou a vítima como protagonista de sua própria história. Doca e Ângela viveram juntos por apenas três meses, período em que as brigas se tornaram comuns. O crime ocorreu na virada de ano, quando Ângela tentou terminar o relacionamento.
O julgamento de Doca acontecendo apenas em 1979 gerou polêmica. A defesa dele usou um argumento que, na época, chamava-se “legítima defesa da honra”, tentando desqualificar a imagem de Ângela e responsabilizá-la pela tragédia. O júri, predominantemente masculino, aceitou essa tese e Doca recebeu uma pena de apenas dois anos, que não precisou ser cumprida integralmente, algo que gerou revolta nas ruas e entre movimentos feministas que clamavam por justiça.
Em resposta à comoção popular, o caso foi reaberto pelo Ministério Público em 1981, levando Doca a ser condenado a 15 anos de prisão. No entanto, ele cumpriu apenas três anos em regime fechado, sendo depois transferido para um regime mais brando.
Doca publicou em 2006 um livro em que dava sua versão sobre os acontecimentos, afirmando que a situação que levou ao assassinato foi provocada por Ângela durante uma discussão. Após a prisão, ele se mantinha afastado da mídia até sua morte em 2020.
Recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF) discutiu a tese de “legítima defesa da honra”, vetando seu uso, considerando que fere princípios constitucionais como igualdade de gênero e dignidade humana.
O caso de Ângela Diniz não é novo na cultura brasileira. Já em 1982, a Rede Globo produziu a minissérie “Quem Ama Não Mata”. Em 2020, o podcast “Praia dos Ossos” abordou a história, reacendendo o debate sobre violência de gênero. Em 2023, a nova minissérie e o filme “Ângela”, que também estreou nas telonas, trazem à tona a relevância dessa narrativa na discussão contemporânea sobre feminicídios e a imagem das mulheres na sociedade. A minissérie “Ângela Diniz: Assassinada e Condenada” começou sua exibição no dia 13 de outubro e novos episódios serão lançados semanalmente até 11 de dezembro.




