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EUA realizam maior ataque ao Brasil desde a Guerra Fria –

Desde o fim da Guerra Fria, os Estados Unidos não se envolveram tão profundamente em questões políticas de um país latino-americano como agora. No dia 9 de julho, o presidente Donald Trump anunciou que aplicará tarifas de 50% sobre as exportações do Brasil. Essa medida foi justificada por Trump como uma resposta a uma suposta “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que é acusado de planejar um golpe, algo que ele nega.

Em seguida, no dia 15 de julho, Jamieson Greer, representante comercial dos Estados Unidos, começou uma investigação sobre as práticas comerciais brasileiras. Três dias depois, o Departamento de Estado dos EUA revogou os vistos de muitos juízes do Supremo Tribunal Federal e outras autoridades ligadas ao processo contra Bolsonaro.

O secretário de Estado, Marco Rubio, expressou a intenção de usar a Lei Magnitsky Global para impor sanções ao juiz Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, um juiz importante conhecido por sua atuação em investigações sobre desinformação. Essa ação é geralmente direcionada a líderes autoritários. A relação entre Trump e o atual presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, é tensa, resultado de ideologias opostas. Um fator que pode ter contribuído para a hostilidade de Trump foi a recente cúpula do BRICS, que ocorreu em julho, e que o Brasil sediou.

Lula classificou as ameaças de Trump como uma “chantagem inaceitável” e um ataque à soberania do Brasil. Ele pretende retaliar com a imposição de tarifas sobre empresas de tecnologia dos Estados Unidos. O Congresso brasileiro, atualmente dominado por partidos de direita, parece se unir em torno de Lula, considerando tarifas de retaliação.

Lula também direcionou críticas a Bolsonaro e seu filho, Eduardo Bolsonaro, que se mudou para o Texas e está tentando convencer congressistas americanos a pressionar por sanções a Moraes. Lula os chamou de “traidores”, expressando sua raiva em um comício em 17 de julho. Eduardo Bolsonaro, por sua vez, se gabou de ter acesso à Casa Branca e ironizou a situação de juízes brasileiros que agora não podem visitar os Estados Unidos.

O juiz Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, foi rápido em responder. No dia 18 de julho, ele determinou que Bolsonaro ficasse sob monitoramento, com mangueiras eletrônicas e restrições de comunicação. Após isso, Moraes bloqueou os bens de Eduardo Bolsonaro, dando continuidade a uma investigação sobre sua interferência no caso do pai.

Esse episódio parece ter unido os setores da população brasileira contra a interferência dos EUA. Manifestações públicas, como a queima de bonecos de Trump, indicam um aumento na popularidade de Lula, que se recuperou após as ameaças e agora aparece como um potencial candidato forte para as próximas eleições. As tarifas também são vistas como uma oportunidade para que Lula se desvincule de problemas econômicos que possam ocorrer no Brasil, podendo responsabilizar Trump por eventuais prejuízos.

A economia brasileira, que já enfrenta desafios, poderá sofrer com as tarifas, com estimativas sugerindo que cerca de 110 mil empregos podem ser perdidos, especialmente na agricultura. Estranhamente, até a confederação nacional dos agricultores, que usualmente apoia Bolsonaro, criticou as tarifas, considerando-as de natureza política. Bolsonaro, por sua vez, declarou que essas tarifas não têm conexão com seu governo.

Um ponto sensível para os brasileiros é a possibilidade de o governo Trump interferir no sistema de pagamentos instantâneos do Brasil, conhecido como Pix. Embora essa intenção não tenha sido expressa claramente, o representante dos EUA incluiu “serviços de pagamento eletrônico” em uma lista de práticas brasileiras que considera “desleais”.

A economia brasileira é vista como uma das mais fechadas do mundo, com muitos produtos enfrentando barreiras importatórias. Entretanto, a administração de Trump nunca se manifestou diretamente sobre essas questões ou respondeu às tentativas do Brasil de negociar um novo acordo comercial.

Enquanto isso, Eduardo Bolsonaro expressa seu apoio fervoroso a Trump, considerando-o um modelo a ser seguido. Por sua parte, Lula parece tirar vantagem dessa rivalidade, usando slogans patrióticos em suas campanhas. No entanto, assessores de Lula estão preocupados com a possibilidade de que uma crise econômica, resultante das tarifas, prejudique seus esforços políticos. A expectativa agora é sobre quem cederá primeiro nessa disputa: Trump ou Lula.

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