Governo Lula solicita exclusão de alimentos e Embraer das tarifas –

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Quatro dias antes da aplicação da sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada pelos Estados Unidos, o governo do presidente Lula está buscando a exclusão de alguns itens dessa tarifa. A negociação é coordenada pelo vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin, que tem conversado com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick. O objetivo é proteger produtos como alimentos, que representam uma parte significativa das exportações brasileiras para o mercado norte-americano.
O Brasil é o maior produtor e exportador de suco de laranja do mundo, exportando 95% de sua produção, com 42% desse total indo para os Estados Unidos. Além disso, o país é o principal fornecedor de café para os norte-americanos, com vendas de 2,87 milhões de sacas entre janeiro e maio de 2025, representando 17,1% das exportações brasileiras.
Além dos produtos alimentícios, o governo brasileiro também busca garantir a exclusão das aeronaves da Embraer das taxas. A empresa, que fabrica aviões para aviação regional, tem os Estados Unidos como seu principal mercado. Um dos argumentos para essa exclusão é que a Embraer importa peças dos EUA para a montagem de suas aeronaves.
A assessoria do Ministério do Desenvolvimento informou que não há negociações setoriais específicas, enfatizando que o foco é na reversão total das tarifas. No entanto, as informações sobre as tentativas de exclusão de produtos surgem de conversas entre ministros e a equipe de Alckmin.
Enquanto isso, o governo brasileiro continua a estudar possíveis reações à sobretaxa e adiou o anúncio de um plano de contingência até que a situação se torne concreta. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o plano para proteger empresas exportadoras foi finalizado na semana anterior e aguarda a aprovação do presidente.
Nesta segunda-feira, Haddad se reuniu com Lula para discutir os possíveis caminhos. Alckmin também participou do encontro, e o ministro da Fazenda declarou que a prioridade do governo é continuar negociando. Ele reforçou que Alckmin está em contato constante com autoridades americanas e que o Brasil não se afastará da mesa de negociações.
Haddad também destacou que Lula não tomará nenhuma decisão até ter acesso ao ato executivo dos EUA a respeito das tarifas. Ele expressou esperança de que as ações dos norte-americanos não sejam unilaterais.
Entre as possíveis medidas de adaptação, o governo está considerando a criação de um fundo privado temporário para ajudar empresas afetadas pela sobretaxa e também pode incluir ações para preservar empregos, semelhantes a um programa feito durante a pandemia.
Alckmin, em entrevistas, elogiou o plano de contingência, mas destacou que o principal foco deve ser a negociação com os Estados Unidos. Ele afirmou que o governo está buscando resolver a questão por meio do diálogo institucional.
Recentemente, Donald Trump confirmou a aplicação das sobretaxas, que terão uma das maiores taxas do mundo para produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. Para o líder do governo no Senado, Jaques Wagner, adiar essa decisão será complicado. Ele faz parte de uma delegação de senadores que viajou a Washington para tentar persuadir as autoridades americanas a negociar.
Alckmin é um dos principais representantes do Brasil nas negociações com os EUA desde o anúncio das tarifas em abril. Em conversas anteriores, ele reiterou a disposição do governo brasileiro para dialogar. Lula também mencionou que, apesar das tentativas de Alckmin, a comunicação com os EUA tem sido desafiadora.
O chanceler Mauro Vieira está nos Estados Unidos para uma conferência da ONU, mas até o momento, não há sinalizações positivas para uma reunião com representantes do governo Trump.
Auxiliares de Lula afirmam que não haverá concessões políticas relacionadas às tarifas, como questões ligadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro ou outras decisões judiciais. O governo enfatizou que a soberania do Brasil é inegociável nas conversas sobre as tarifas americanas.
Gabriel Escobar, encarregado de negócios da embaixada dos EUA no Brasil, expressou interesse em materiais críticos presentes no solo brasileiro. Em resposta, Lula afirmou que as reservas de minerais críticos pertencem ao povo brasileiro. Alckmin tem se reunido com representantes de diferentes setores da economia para discutir os impactos da sobretaxa e as formas de mitigação.