Itaú alerta sobre pagamentos: quem aproveitou, aproveitou –

A Cemig, uma das principais empresas de energia elétrica do Brasil, tem se destacado nos últimos anos por seus elevados pagamentos de dividendos. No entanto, a situação está mudando. A companhia, que teve lucros expressivos devido a situações extraordinárias, agora enfrenta a perspectiva de dividendos menores, segundo análises do Itaú BBA.
Recentemente, o Itaú revisou suas projeções para a empresa, aumentando o preço-alvo de suas ações de R$ 11,30 para R$ 11,40, mas mantendo uma recomendação neutra. Os analistas preveem que, nos próximos anos, a Cemig terá dificuldades financeiras que afetarão sua capacidade de distribuir dividendos. Eles estimam yields, que representam o retorno sobre o investimento em dividendos, mais baixos, com projeções de 6,2% para 2025 e 2026, e 6,8% para 2027.
Nos últimos anos, as ações da Cemig subiram mais de 80%, impulsionadas principalmente pelos dividendos altos, que totalizaram cerca de R$ 5,1 bilhões só em 2024, equivalendo a R$ 1,80 por ação. Esses números foram favorecidos por lucros não recorrentes, que possibilitaram pagamentos extraordinários. Contudo, com as novas previsões, a elétrica mina deve se ajustar a um cenário de distribuição de dividendos menos generosa.
Outro aspecto que preocupa os investidores é a privatização da Cemig. Essa tem sido uma promessa do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, mas até agora não houve avanços significativos. Em 2023, surgiram notícias de que a possibilidade de federalização da empresa poderia ser uma alternativa para tentar reduzir as dívidas do estado.
Em uma conferência em Nova York, representantes do governo mineiro reafirmaram a intenção de privatizar outras empresas do estado e federalizar a Cemig após sua transformação em sociedade anônima. O vice-governador de Minas apresentou detalhes sobre 12 projetos de lei e uma emenda constitucional que estão sendo discutidos na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Para a federalização, seria necessário um aporte de capital do governo federal, o que poderia impactar negativamente na avaliação do mercado da companhia.
A proposta de emenda constitucional que facilitaria a privatização das estatais foi protocolada em outubro de 2023, eliminando a necessidade de referendo popular e permitindo que a venda fosse aprovada apenas pela maioria simples dos deputados. No entanto, essa proposta ainda precisa ser votada na Comissão de Constituição e Justiça e tem enfrentado adiamentos.
Simultaneamente, foram enviados à Assembleia Legislativa dois projetos de lei que visam permitir a privatização da Cemig e da Copasa, entregando ao estado a liberdade de abrir mão do controle financeiro dessas empresas. Apesar do aumento do apetite político pela privatização, os desafios continuam, especialmente devido ao prazo estipulado pelo PROPAG e às complexidades históricas em torno da Cemig, tornando o processo indicado de privatização mais complicado.