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Morre o jornalista Marcelo Beraba aos 74 anos –

Morreu nesta segunda-feira, dia 28, Marcelo Beraba, um importante nome do jornalismo brasileiro e referência na Folha de S.Paulo, aos 74 anos. Ele estava internado no Hospital Copa D’Or, no Rio de Janeiro, onde tratava de um câncer no cérebro.

Marcelo Beraba teve uma carreira notável, iniciando na Folha nos anos 1980, onde foi fundamental na estruturação das coberturas do jornal. Durante sua trajetória de quase três décadas na Folha, ele ocupou diversas funções, incluindo repórter, diretor da sucursal do Rio de Janeiro, editor de política, e ombudsman. Além disso, foi o primeiro presidente da Abraji, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo.

Antes de se aposentar em 2019, Beraba trabalhou também como editor-chefe do jornal O Estado de S. Paulo, onde permaneceu por 11 anos. Seu legado no jornalismo é reconhecido por vários colegas. Sérgio Dávila, diretor de Redação da Folha, comentou sobre o impacto de Beraba, que costumava se referir a seus colegas como “mestre”, embora ele próprio fosse um verdadeiro professor, ensinando princípios de ética e profissionalismo a novas gerações de jornalistas.

Nascido no Rio de Janeiro, Beraba começou sua carreira aos 20 anos no jornal O Globo, onde se destacou ao conseguir fotos de uma cirurgia de um capitão ferido em um atentado em 1981. Essa cobertura foi decisiva para o início do movimento Diretas Já. Ele se juntou à Folha como repórter da sucursal do Rio em 1985 e, mais tarde, teve papel importante em coberturas relevantes, como o vazamento na usina nuclear de Angra dos Reis.

Após mudar-se para São Paulo em 1988, Beraba assumiu cargos de editor e coordenou o suplemento Diretas-89, que tratou da primeira eleição presidencial após 21 anos de ditadura militar. Seu trabalho nessa época foi elogiado pela sua organização e planejamento, com uma equipe de 60 jornalistas mobilizados para a cobertura.

Na década de 1990, ele foi editor-executivo do Jornal do Brasil e teve uma breve passagem pelo O Globo, antes de retornar à Folha. De 1999 a 2004, foi novamente diretor da sucursal do Rio e, posteriormente, atuou como ombudsman. Beraba também se preocupou com o impacto da internet no jornalismo, defendendo a necessidade de aprofundamento das informações.

A criação da Abraji, em 2002, foi uma resposta ao assassinato do jornalista Tim Lopes, amigo de Beraba. Ele acreditava que a liberdade de expressão estava intimamente ligada à segurança dos jornalistas, um tema que ainda é relevante nos dias de hoje.

A jornalista Katia Brembatti, que preside a Abraji, destacou a generosidade de Beraba em formar novos jornalistas e coordenar investigações, sempre sem buscar protagonismo. Em 2005, ele foi premiado em Washington, nos Estados Unidos, pelo International Center for Journalism. Durante essa premiação, ressaltou a importância do trabalho em equipe no jornalismo.

Marcelo Beraba deixa a esposa, a jornalista Elvira Lobato, além de quatro filhos e três netos. O velório será realizado na quarta-feira, dia 30, das 12h30 às 15h30, na capela 6 do Memorial do Carmo, no Caju, Rio de Janeiro.

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