Queda na Selic é essencial para melhorar o Plano Safra –

O recente anúncio do novo Plano Safra, que destina R$ 594,4 bilhões ao setor agropecuário, não trouxe alívio nas relações entre os produtores rurais e o governo. Apesar do montante, os produtores consideram os recursos insuficientes e os juros altos. Eles buscam um apoio mais significativo, dado que o agronegócio deve representar 29% do Produto Interno Bruto (PIB) e quase metade das exportações do Brasil neste ano.
Dos R$ 594,4 bilhões do Plano Safra 2025/2026, R$ 516,2 bilhões são destinados a médios e grandes produtores, enquanto R$ 78,8 bilhões vão para a agricultura familiar. O orçamento deste ano é apenas 1,69% superior ao da safra anterior, um aumento abaixo da inflação, que foi de 5,32%.
Os juros subiram entre 1,5 e 2 pontos percentuais, mesmo com a Selic, a taxa básica de juros, registrando um aumento maior de 4,5 pontos. Os novos juros das linhas de financiamento variam conforme o tipo de operação. Por exemplo, as taxas para investimento na conversão de pastagens e infraestrutura de armazenamento aumentaram 1,5 ponto percentual. Produtores que adotam práticas sustentáveis podem obter um desconto de até meio ponto percentual nos juros.
A taxa de juros para investimentos varia entre 8,5% e 13,5%. O governo e os produtores acreditam que a demanda por esses recursos deve cair, refletindo o cenário de juros altos. Por isso, o orçamento destinado a investimentos foi reduzido de R$ 107,3 bilhões para R$ 101,5 bilhões em relação à safra anterior.
Os recursos para custeio cresceram, passando de R$ 401,3 bilhões para R$ 414,7 bilhões. A linha de crédito Pronamp para médios produtores aumentou de R$ 65,2 bilhões para R$ 69,1 bilhões. No entanto, a taxa de juros para essa linha subiu de 8% para 10%, e os grandes produtores também enfrentarão um aumento, com o crédito saindo de R$ 443,4 bilhões para R$ 447 bilhões, com taxas subindo de 12% para 14%.
As críticas ao Plano Safra foram rápidas e manifestaram descontentamento, especialmente em relação ao volume de recursos que ficou aquém da inflação. Além disso, os empresários do setor expressaram preocupação com a situação fiscal do país e como isso poderia afetar a liberação dos recursos prometidos.
Do total de R$ 516,2 bilhões disponíveis para a agricultura empresarial, apenas R$ 113,8 bilhões são recursos com juros controlados, um aumento em relação aos R$ 92,8 bilhões da safra anterior. O restante, cerca de 78%, está atrelado ao mercado, um aspecto destacado pela Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul.
O governo destina R$ 13,5 bilhões para equalizar os juros, sendo R$ 9,5 bilhões para a agricultura familiar e R$ 3,9 bilhões para médios e grandes produtores. A ausência de referência ao Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural também gerou descontentamento. O orçamento do programa sofreu cortes significativos, com apenas R$ 67 milhões acessados até agora, que representa pouco mais de 6% do total disponível.
Por fim, o governo enfrentou dificuldades orçamentárias para implementar o Plano Safra e precisou ajustar a gestão dos recursos. Para os próximos períodos, as regras sobre os créditos e seus reembolsos serão ajustadas e divulgadas em uma portaria do Ministério da Fazenda. As expectativas são de que a queda da Selic no longo prazo possibilite um custo menor.