Tarifas geralmente falham; as de Trump podem seguir o mesmo caminho –

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que a implementação de novas tarifas sobre produtos de vários países, que estava prevista para hoje após um adiamento de três meses, foi novamente prorrogada. A nova data estipulada para a entrada em vigor dessas tarifas é 1º de agosto. Essa medida prolonga a incerteza para os negócios, mas também oferece a parceiros comerciais dos Estados Unidos mais tempo para negociar acordos comerciais, podendo evitar tarifas elevadas.
As tarifas são impostos sobre produtos importados, e seu impacto mais direto é o aumento dos custos para os produtores e dos preços para os consumidores. Essa situação é preocupante, já que quase metade de todas as importações dos EUA são de produtos intermediários, necessários para a fabricação de bens finais. Por exemplo, indústria aeronáutica e automotiva americana depende de peças e componentes que muitas vezes vêm de fora do país. Quando essas empresas precisam pagar mais por esses insumos, os custos se elevam.
Um estudo realizado em 2019 mostrou que as tarifas impostas por Trump em 2018 resultaram em um aumento significativo nos preços domésticos de produtos importados. De acordo com especialistas, isso teve um efeito negativo sobre os consumidores americanos, que viram os preços subirem em diversos setores.
Analisando a economia dos últimos 20 anos, os economistas notam que, em um contexto de tarifas geralmente baixas, as importações se tornaram mais acessíveis, contribuindo para a estabilidade de preços. Desde a entrada da China na Organização Mundial do Comércio, as importações, especialmente as vindas da China, aumentaram e beneficiaram consumidores americanos, mantendo os preços de bens relativamente baixos.
No entanto, à medida que novas tarifas se aproximam, projeta-se que os preços nos EUA voltem a subir. O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, já indicou que a inflação de bens pode se intensificar. Além disso, os aumentos nas tarifas não apenas elevam os preços, mas também podem reduzir a produção econômica.
Um estudo de 2020 indicou que tarifas têm efeitos adversos persistentes sobre o crescimento do PIB do país que as impõe. Quando as tarifas são altas, as empresas podem enfrentar dificuldades para se concentrar nas atividades econômicas em que têm vantagem, refletindo em uma queda na produtividade do trabalho.
O impacto das tarifas não para por aí. Elas podem minar a disposição das empresas de investir. Pesquisas mostram que a incerteza causada por políticas comerciais voláteis, como as de Trump, já tem afetado as decisões de investimentos das pequenas empresas nos EUA.
Além disso, o aumento das tarifas pode impulsionar o desemprego, pois indústrias que dependem de produtos importados podem ser afetadas negativamente. O setor de manufatura, por exemplo, já sente os efeitos de tarifas mais altas, pois o aumento nos custos de insumos se traduz em menos empregos no setor.
As tarifas também podem resultar em retaliações por parte de países que importam produtos dos EUA. Em resposta às novas tarifas anunciadas por Trump, principais parceiros comerciais dos Estados Unidos prontamente implementaram suas próprias taxas, demonstrando a natureza interconectada do comércio global.
Embora muitos economistas reconheçam os benefícios do comércio livre ao longo das últimas décadas, é importante reconhecer que esse modelo também trouxe desafios, como a perda de empregos em comunidades vulneráveis e a dependência de fornecedores distantes. Durante a pandemia, essa dependência se tornou evidente, já que restrições a viagens e fabricas paralisadas levaram a escassez de produtos essenciais nos EUA.
Em resumo, especialistas indicam que tarifas não são vistas como uma solução adequada para desenvolver a manufatura nacional. Subsidios específicos podem ser uma alternativa mais eficiente, além de assegurar um comércio que mantenha relações pacíficas entre as nações, onde o aumento do comércio gera benefícios mútiplos e benefícios econômicos.