Trump critica Brasil e pode ter efeito contrário, afirma The Economist –

As tarifas impostas pelo Brasil às importações e as sanções contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, decididas pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foram classificadas como um “ataque sem precedentes” ao judiciário brasileiro. A revista “The Economist” alerta que essa ação pode ter consequências negativas para os envolvidos.
No dia 30 de agosto, Trump assinou um decreto que aplica tarifas de 50% sobre diversas importações brasileiras a partir de 6 de agosto. Em seu discurso, ele mencionou perseguições e abusos que afirma ter sofrido, apontando especificamente para os processos contra Jair Bolsonaro, ex-presidente e aliado político.
Além das tarifas, Moraes foi sancionado sob a Lei Magnitsky Global, que visa punir autoridades estrangeiras por graves violências de direitos humanos. Essa sanção impede Moraes de acessar seus ativos em bancos americanos e proíbe sua entrada nos EUA.
A revista britânica observou que esse tipo de sanção já foi aplicado anteriormente a generais Mianmar e a autoridades russas envolvidas em assassinatos de opositores políticos. No entanto, os atos de Moraes são distintos, já que ele lidera o processo contra Bolsonaro, que é acusado de tentar realizar um golpe para reverter uma eleição em 2022, o que o ex-presidente nega.
A publicação destacou também que Moraes é um juiz resistente a ameaças e que a estratégia de Trump poderia, na verdade, prejudicar a popularidade de Bolsonaro, especialmente após o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, classificar o clã Bolsonaro como “traidor”, o que reflete a opinião de muitos brasileiros.
O conflito entre Moraes e Trump começou em 2019, quando foi instaurado o “inquérito das Fake News”. Esse inquérito visa investigar desinformação que possa afetar a integridade do STF. Desde então, a investigação se arrasta, com um escopo que cresceu para incluir diversos aspectos da desinformação online.
Em fevereiro deste ano, o grupo de mídia de Trump e a plataforma Rumble processaram Moraes, alegando que suas decisões impactam brasileiros residindo nos Estados Unidos. No entanto, a revista ressalta que as ações de Moraes estão respaldadas pela Constituição brasileira, que permite que figuras como o presidente e partidos políticos levem questões diretamente ao STF.
Esse sistema pode sobrecarregar o judiciário nacional, já que, em um único ano, os juízes do STF tomaram decisões em mais de 114 mil casos. Isso confere a cada juiz, como Moraes, um poder significativo em áreas onde o Congresso não legisla.
Em relação a Bolsonaro, Moraes está usando uma legislação aprovada em 2021 que pune crimes contra a democracia. Essa base legal foi utilizada para processar o ex-presidente, cuja retórica sobre a eleição de 2022 gerou agitação entre seus apoiadores. Em janeiro deste ano, houve uma invasão em prédios do governo, motivada por alegações de fraude por parte de Bolsonaro, o que também gerou ações judiciais.
Além disso, a revista relatou planos de assassinato envolvendo Moraes e Lula, por parte de cirurgias influentes no entorno de Bolsonaro, que também estão atreladas a tentativas de anular as eleições de 2022.