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Feminicídios crescem no Brasil, reflexo da violência social

Nas últimas duas semanas, o Brasil tem enfrentado uma série de crimes violentos que chocam pela brutalidade com que são cometidos. Em todos os casos, as vítimas são mulheres, sendo muitas vezes atacadas e assassinadas por serem mulheres.

Em Florianópolis, uma jovem de 21 anos foi estrangulada e estuprada ao se dirigir a uma aula de natação. Na Bahia, em Jaborandi, uma mulher de 27 anos foi assassinada a tiros pelo ex-namorado enquanto tomava banho. Já na Zona Norte do Rio de Janeiro, um servidor público disparou contra uma professora e uma psicóloga no Centro Federal de Educação Tecnológica. Em São Paulo, uma mulher foi morta pelo ex-marido em uma pastelaria, e outra jovem foi atropelada e arrastada por um veículo, resultando na amputação das suas pernas e hospitalização em estado grave. O suspeito desse último crime teve um breve relacionamento com a vítima, segundo relatos de sua família.

Em 2024, o Brasil registrou o maior número de feminicídios desde a tipificação desse crime, com 1.492 casos. Somente em São Paulo, foram 53 feminicídios neste ano, o maior número já registrado. O estado também observou um aumento de 10% nos feminicídios desde janeiro. Além disso, no comparativo dos dez primeiros meses, o número de assassinatos de mulheres em vias públicas quase dobrou, passando de 33 para 48 ocorrências.

A violência contra a mulher também se manifestou de forma alarmante no ambiente online. No Rio de Janeiro, as denúncias de assédio e perseguição virtual aumentaram em mais de 5.000% na última década, conforme dados do Dossiê Mulher.

A recente explosão de crimes contra mulheres revela que o Brasil enfrenta uma verdadeira epidemia de violência de gênero, refletindo séculos de brutalidade e uma cultura misógina profundamente enraizada. A historiadora Patrícia Valim destaca que as redes sociais intensificaram esse ódio, transformando essas violências em conteúdo lucrativo. Ao mesmo tempo, ilustra que a história do Brasil está marcada pela desumanização das mulheres, desde a colonização até os dias atuais.

Patrícia é autora de textos que resgatam a memória de mulheres assassinadas simplesmente por serem mulheres e por buscarem autonomia em suas vidas. Ela explora como a sociedade brasileira tratou essas mulheres, muitas vezes transformando suas histórias em narrativas distorcidas ou relegadas ao esquecimento. O reconhecimento dessas violências é essencial para humanizar as vítimas, sublinhando que suas vidas não se resumem a serem meras estatísticas de feminicídio.

Para enfrentar essa dura realidade, um movimento intitulado “Levante Mulheres Vivas” foi criado, promovendo manifestações em diversas cidades do Brasil. O objetivo é dar voz a essas mulheres e exigir um basta na violência de gênero.

A discussão sobre a “legítima defesa da honra” continua presente na sociedade, mesmo após ser considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Essa discussão reflete um passado onde as mulheres eram frequentemente culpabilizadas por suas mortes e abusos, perpetuando um ciclo de violência que ainda persiste. Em 2023, a luta pela erradicação dessa mentalidade continua vital, e o movimento busca recordar as vidas de mulheres que foram silenciadas, destacando a importância da sua memória na luta por igualdade e justiça.

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