Maduro fortalece poder e deve triunfar em eleições locais –

Um ano após enfrentar uma séria ameaça ao seu governo, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, está se preparando para eliminar a oposição política no país. Neste domingo, 27, ocorrerão eleições nacionais para as câmaras municipais e prefeituras. O partido governista já conquistou uma maioria qualificada no Parlamento desde maio, reduzindo significativamente as cadeiras ocupadas por partidos de oposição.
A razão para essa dominância não é um repentino apoio popular ao regime de Maduro. Nos últimos 12 meses, após sua contestada reeleição, Maduro tem trabalhado para desmantelar o movimento oposicionista liderado por María Corina Machado e intensificou a repressão. Essa situação gerou um clima de medo entre os venezuelanos, que agora vivem em um estado de sobrevivência.
Em Caracas, muitos preferem não discutir política em restaurantes e bares, temendo a possibilidade de serem ouvidos por agentes do governo. Após as eleições presidenciais do ano passado, em que a oposição apresentou evidências de vitória, muitos eleitores dizem que não têm intenção de votar novamente. No entanto, alguns, especialmente em áreas onde a oposição é forte, planejam votar para evitar que candidatos do governo sejam eleitos.
As eleições de domingo também ocorrem após uma vitória política significativa para Maduro. Na semana passada, ele trocou 10 prisioneiros americanos pela devolução de 250 venezuelanos que estavam detidos nos Estados Unidos. Esse gesto ajuda a consolidar a imagem de que ele é o líder legítimo da Venezuela.
Agentes de migração no principal aeroporto de Caracas, vestidos como policiais de forças especiais, têm intimidado cidadãos. Eles possuem listas manuscritas com os nomes de líderes da oposição. Além disso, placas no aeroporto foram traduzidas para o russo e chinês, sugerindo apoio internacional ao governo de Maduro. Cartazes oferecem recompensas de 100 mil dólares por informações sobre líderes opositores.
Nos dias seguintes à troca de prisioneiros, houve ao menos 20 prisões e desaparecimentos denunciados pela oposição. Atualmente, cerca de 800 pessoas estão presas por motivos políticos no país.
Apesar da pressão, o governo de Maduro tem monitorado manifestações, com até cinco ocorrendo diariamente em todo o país, principalmente relacionadas a serviços públicos. Essa situação é importante para manter o controle social, especialmente com a economia mostrando sinais de deterioração.
Em Caracas, há alguns sinais de recuperação econômica, como anúncios publicitários e ruas bem conservadas. Maduro afirma ter registrado 17 trimestres seguidos de crescimento, incluindo um aumento de 6,65% no segundo trimestre deste ano. No entanto, os sinais de deterioração estão reaparecendo, com comerciantes adotando a taxa de câmbio do euro e a taxa de inflação subindo significativamente.
Embora a produção de petróleo tenha se mostrado mais resistente do que o esperado, analistas preveem uma possível queda na produção nos próximos meses, especialmente após a saída da Chevron, que era uma grande contribuinte para a economia do país.
Se o preço dos produtos continuar a subir e Maduro consolidar seu poder nas eleições de domingo, não se esperam protestos em grande escala, como os registrados em 2014, 2017 e 2019. Jorge Barragán, um político de 27 anos que se candidata à prefeitura de Caracas, notou um clima de desesperança e medo entre os eleitores.
A campanha de Barragán conta com o apoio de partidos opositores que decidiram participar das eleições, mas a Plataforma Unitária da oposição denunciou a violação dos direitos civis nas votações anteriores. Atualmente, as condições eleitorais não estão sendo discutidas nas negociações com os Estados Unidos.
Durante um evento de campanha, Jorge Rodríguez, negociador de Maduro, se mostrou confiante de que a oposição perderá seus últimos redutos em Caracas, afirmando que o partido governista vencerá nas áreas consideradas bastiões da oposição.