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Nutricionista global elogia prato brasileiro e discute proteína

A indústria alimentícia está dificultando o trabalho dos pais ao ensinar as crianças sobre alimentação saudável, segundo Marion Nestle, uma renomada pesquisadora da área de nutrição. Em sua passagem pelo Brasil, ela destacou que muitos produtos alimentícios são projetados especificamente para crianças e, muitas vezes, são ultraprocessados, o que prejudica o aprendizado sobre uma alimentação balanceada.

Nestle, que é professora emérita da Universidade de Nova York e com grande experiência na formulação de diretrizes nutricionais, afirma que quem consome alimentos não processados não precisa se preocupar tanto com a ingestão de vitaminas e minerais. Para ela, a alimentação deve ser variada e composta principalmente por alimentos minimamente processados. Em relação à clássica refeição brasileira de arroz, feijão, carne e salada, a especialista considera que é um prato saudável, contanto que a quantidade ingerida seja adequada.

A pesquisadora também abordou a questão da obesidade infantil e o impacto da publicidade de produtos alimentícios na formação da dieta das crianças. Segundo ela, as grandes empresas alimentícias criam um marketing direcionado aos pequenos, fazendo-os acreditar que precisam de alimentos que são, em sua maioria, ultraprocessados. Isso pode prejudicar a autoridade dos pais na hora de decidir sobre a alimentação familiar.

Em seu livro “Uma verdade indigesta – como a indústria alimentícia manipula a ciência do que comemos”, Nestle defende que a relação entre a publicidade de alimentos não nutritivos e o aumento da obesidade infantil é evidente. Ela ressalta que é possível incluir ultraprocessados em uma dieta saudável, desde que eles representem uma pequena parte da alimentação total.

Ao explicar a diferença entre alimentos processados e ultraprocessados, Marion destaca que estes últimos contêm aditivos que os tornam irresistíveis e muitas vezes não podem ser preparados em casa. Para ela, a inclusão de alimentos em excesso ultraprocessados pode levar a problemas de saúde, como obesidade e diabetes tipo 2.

Nestle sugere que os pais devem expor as crianças a uma variedade maior de alimentos desde cedo, preferindo sempre opções que não sejam ultraprocessadas. Ela acredita que as crianças devem comer o que os adultos comem, mas em porções menores e com menos adição de açúcar e sal.

A especialista fez um comentário sobre as recentes mudanças nas escolas públicas do Brasil, onde houve uma redução na presença de alimentos ultraprocessados. Segundo ela, essa pode ser uma boa medida, mas é importante observar sua aplicação na prática. Reduzir a quantidade desses alimentos é fundamental, mas não eliminar totalmente é mais realista.

Finalmente, Marion também mencionou os novos medicamentos para tratamento da obesidade que têm gerado interesse. Ela observa que muitos que estão em tratamento relatam ter menos vontade de comer e uma mudança nos hábitos alimentares, especialmente em relação ao consumo de ultraprocessados. Esses novos tratamentos parecem influenciar a forma como as pessoas encaram a alimentação.

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