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O impacto da aproximação de Trump com a Arábia Saudita em Israel

A recepção do príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, na Casa Branca foi a mais luxuosa do governo Trump até agora, demonstrando claramente as prioridades de sua política externa. Este evento, apresentado como uma visita de trabalho, superou em extravagância qualquer outra visita oficial anterior. O presidente Trump recebeu o príncipe no gramado sul da Casa Branca, que é o maior espaço ao ar livre do local, com uma cerimônia que incluiu soldados a cavalo e uma apresentação de jatos de combate.

Dentro do Salão Oval, decorado de maneira opulenta, Trump parecia encantado com a presença do príncipe. Ele segurou a mão do príncipe e expressou diversas vezes a honra que sentia pela amizade real. Contudo, a conversa esquentou quando uma jornalista levantou a questão do assassinato brutal do jornalista Jamal Khashoggi, em 2018, o que havia impedido Mohammed de visitar os Estados Unidos por sete anos. Trump reagiu de forma defensiva, atacando a jornalista e sua emissora, a ABC, enquanto minimizava a gravidade do caso, alegando que Khashoggi era “extremamente controverso” e que o príncipe não tinha conhecimento do crime, o que contradiz as conclusões da inteligência americana.

A postura de Trump em relação aos direitos humanos e sua clara preferência por autocratas não são novidade. Desde que começou seu segundo mandato, sua política externa se voltou para uma parceria mais próxima com regimes autocráticos, como o da Arábia Saudita. Durante a visita do príncipe, um dos principais anúncios foi a possível venda de jatos F-35 para a Arábia Saudita. O presidente afirmou que o acordo não teria condições e que os caças sauditas seriam idênticos aos de Israel, algo que poderia alterar a histórica vantagem militar israelense na região.

Além disso, foi anunciado que o governo americano irá levantar a proibição de venda de chips avançados de inteligência artificial para a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos. Essa decisão posiciona a Arábia Saudita como um futuro centro tecnológico, com grandes centros de dados que podem contribuir significativamente para a economia global de IA.

Gregory Gause, pesquisador do Instituto do Oriente Médio, comparou esse novo enfoque ao desenvolvimento dos campos petrolíferos sauditas nas décadas de 1930, sugerindo que uma parceria sólida com os Estados Unidos pode garantir a segurança saudita de maneira mais eficaz do que acordos formais.

Recentemente, os Estados Unidos têm demonstrado uma mudança na política em relação a Israel, como mostrado em uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que mencionava uma possível senda para a independência da Palestina. Em outras ocasiões, Trump também fez movimentos que demonstraram um afastamento das preferências israelenses, levantando sanções sobre a Síria e visitando o Oriente Médio sem incluir Israel.

A presença do príncipe na Casa Branca e os compromissos financeiros que a Arábia Saudita se comprometeu a fazer, como um investimento de 1 trilhão de dólares na economia americana, refletem a rápida mudança nas dinâmicas do poder. Em contraste, a relação histórica com Israel parece estar se desgastando, especialmente quando o investimento e o apoio dos estados da região superam o que Israel pode oferecer.

Os desafios da normalização das relações sauditas com Israel também foram discutidos, mas o príncipe deixou claro que isso dependeria de um comprometimento sólido em relação a um estado palestino, o que permanece incerto nas atuais negociações.

A situação no Oriente Médio revela que, apesar das mudanças nas abordagens políticas, muitas questões fundamentais continuam sem solução, especialmente relacionadas à Palestina e aos direitos humanos. A complexidade da política externa dos Estados Unidos na região persiste, com múltiplos interesses e dinâmicas entre os diferentes atores envolvidos.

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