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Os abandonados atualiza o faroeste, mas enfrenta antigos desafios

A série “Os Abandonados”, disponível na Netflix, busca trazer uma nova perspectiva ao gênero faroeste, rompendo com alguns estereótipos tradicionais. Enquanto no passado personagens indígenas costumavam ser retratados de maneira superficial, muitas vezes como “selvagens” ou “místicos”, atualmente há um maior esforço para apresentar essas figuras com mais profundidade. No entanto, os avanços ainda são insuficientes. O mesmo acontece com a representação feminina: apesar de algumas melhorias, ainda há muito a ser feito.

A trama de “Os Abandonados” é protagonizada por duas mulheres, interpretadas por Lena Headey, conhecida por seu papel em “Game of Thrones”, e Gillian Anderson, famosa por “Arquivo X”. As personagens que elas interpretam estão em lados opostos do conflito, mas suas histórias se complementam.

O elenco da série conta ainda com personagens diversos, incluindo um homem negro, uma mulher indígena salvadorenha-mexicana e um homem nativo-americano. Esses personagens, junto com outras mulheres da história, são retratados de maneira que vão além das simples comparações com os padrões masculinos brancos do século XIX. Apesar disso, certos problemas na narrativa podem limitar o impacto dessa representação mais rica.

“Os Abandonados” foi criada por Kurt Sutter, que deixou o projeto antes do término das filmagens. A série se passa no Território de Washington em 1854. A viúva Fiona Nolan, interpretada por Headey, é a personagem central que lidera sua família composta por quatro filhos adotivos: Elias, Dahlia, Albert e Lilla Belle. Eles formam um forte laço afetivo, o que contrapõe a abordagem mais fria de Constance Van Ness, a personagem de Gillian Anderson, que valoriza a linhagem biológica em sua relação com seus filhos.

A família Van Ness é descrita como os vilões tradicionais do faroeste, e essa dinâmica permite que a série desafie clichês ao apresentar as experiências dos Nolan como um contraponto. Entre os filhos de Constance, Willem é um primogênito problemático, enquanto Garrett se destaca como o herdeiro racional. A única filha, Trisha, se encontra em um dilema entre lealdade familiar e empatia pelos Nolan. O elenco também inclui figuras enigmáticas, como Roach e Jack Cree, além de participações de atores como Ryan Hurst e Patton Oswalt.

A narrativa de “Os Abandonados” é relativamente simples e direta. O conflito entre as famílias Nolan e Van Ness já existe antes dos acontecimentos da série, alimentado pela determinação de Constance em tomar as terras de Fiona. Essa tensão se intensifica quando um crime violento marca o início da trama. Porém, o crime retratado na série é um clichê do gênero, um trope que já foi explorado em várias produções anteriores, resultando em uma oportunidade perdida para inovar na história.

A série apresenta o Oeste Americano em sua crueza, mostrando um território hostil em busca de uma ordem. Mas a narrativa se desenrola em uma cidade em crescimento, onde a luta é pela manutenção de um lar construído ao longo de gerações, em vez de um novo começo. Isso pode atrair fãs de “Yellowstone”, embora alguns espectadores possam sentir falta das emoções intensas típicas de dramas mais explosivos.

De maneira geral, “Os Abandonados” apresenta esforços significativos na modernização do faroeste, mas ainda enfrenta limitações impostas pelo próprio gênero e decisões criativas conservadoras dos responsáveis pela produção.

Produção Editorial

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